Jornalismo com seriedade: Sarney joga a toalha e desiste da candidatura ao Senado

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Sarney joga a toalha e desiste da candidatura ao Senado

Sarney joga a toalha e desiste da candidatura ao Senado

O senador José Sarney teria confidenciado a interlocutores no Amapá que estava desistindo da disputa ao Senado em função da insistência do deputado Davi Alcolumbre em também disputar a vaga, e ainda pelo fracionamento do grupo político que historicamente tem lhe garantido a reeleição.

Segundo fonte muito próxima ao senador, Sarney teria partido de Macapá, na quinta-feira, 19, extremamente aborrecido com a fragmentação de seu grupo político no Estado.
Além da relutância do antigo aliado Davi Alcolumbre em manter a sua candidatura ao Senado, que lhe tira votos na base eleitoral, Sarney estava descontente com o fracionamento do grupo político que lhe tem dado sustentação política no estado, conhecido como "harmonia entre os poderes", ou simplesmente "grupo da harmonia", composto por políticos, empresários e outras autoridades, que foram apeados do poder nas eleições de 2010, com a eleição ao governo do socialista Camilo Capiberibe (PSB/AP), e que, até pouco tempo, eram comandados pelo ex-governador Waldez Góes, que foi preso – juntamente com as outras autoridades – pela Polícia Federal, na operação "Mãos Limpas".

Outro motivo do agastamento de Sarney é a radicalização do PT local em relação a sua presença política no Estado. Mesmo com interferência da direção nacional, que tem simpatia pelo senador, os petistas amapaenses não abrem mão de seguir com o PSB nestas eleições. A vice-governadora Dora Nascimento (PT/AP), que é pré-candidata ao Senado, diz com todas as letras e para quem quiser ouvir que com Sarney não tem acordo.

Mas a gota d'água para a desistência do velho oligarca teria sido o conhecimento antecipado dos resultados da pesquisa de intenção de votos realizada pelo Ibope no Amapá. A pesquisa foi anunciada pelos seus próprios aliados da mídia amapaense, inclusive noticiaram a data do fechamento de seu campo, mas depois, estranhamente, informaram através de uma nota lacônica, que a tal pesquisa teria sido cancelada. Reza a lenda que Sarney teria mexido os pauzinhos para que a pesquisa não fosse divulgada.

Isso porque, nela, Sarney teria visto tudo o que não esperava ver. O seu crescimento nas intenções de voto para o Senado teria empacado em torno dos 23 pontos percentuais, enquanto as dos seus adversários teriam avançaram. Inclusive, a própria avaliação positiva do governador do estado, Camilo Capiberibe, um desafeto político histórico, teria crescido significativamente. O senador octogenário teria vislumbrado, neste cenário, uma ameaça de morte ao seu projeto de reeleição, e teria resolvido jogar a toalha.

Um fato parece confirmar essa versão. Na edição deste domingo, 22, do Jornal A Gazeta, um periódico ligado umbilicalmente ao senador, na coluna gazetilha, o político maranhense, em tom de despedida, afirma que "qualquer que seja a sua decisão sobre concorrer ou não ao cargo de senador, continuará ajudando o estado a se desenvolver". O curioso é que as notas que falam do político marahense têm o sugestivo titulo de "A hora de Sarney", como que a indicar uma "passagem" para outra esfera política