Indonésia vai executar o segundo brasileiro penalizado por tráfico de drogas
Itamaraty afirma que irá esgotar todas as possibilidades de substituição de pena do surfista condenado por tráfico de drogas
Indonésia
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, rejeitou nesta
terça-feira o pedido de clemência feito pelo governo brasileiro em nome de
Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, condenado à morte por tráfico de drogas.
Em nota, o Itamaraty confirmou a recusa e afirmou que "irá esgotar todas
as possibilidades de comutação da pena do nacional Rodrigo Gularte permitidas
pelo ordenamento jurídico da Indonésia".
O surfista está preso desde 2004, quando tentou entrar na
Indonésia com 6 quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Um ano
depois, foi condenado à pena capital. No sábado passado, o brasileiro Marco
Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi fuzilado após passar mais de uma década
no corredor da morte. Condenado em 2004 por tráfico de drogas, o brasileiro
teve negados os dois pedidos de clemência a que tinha direito. Foi a primeira
vez que um brasileiro condenado à pena capital foi executado no exterior. Além
de Marco Archer Cardoso Moreira, um holandês, um nigeriano, um malauiano, uma
vietnamita e uma indonésia enfrentaram o pelotão de fuzilamento no fim de
semana.
Diagnosticado com esquizofrenia, Gularte tenta por meio de
sua defesa ser internado em um hospital psiquiátrico e assim se salvar da pena
de morte. De acordo com as leis da Indonésia, portadores de doenças mentais não
podem ser executados. Sua prima, Angelita Muxfelt, viajou à ilha de
Nusakambangan, onde está ele está preso, com um laudo médico que atesta a
doença, realizado a pedido do governo brasileiro. Nos próximos dias, a prima de
Rodrigo pretende encontrar um médico de um hospital próximo ao presídio para falar
da situação dele.
Aos amigos ela relatou que o encontro com o surfista, de
cerca de uma hora, foi carregado de emoção e também confuso. Mesmo assim, o
paranaense afirmou que já sabia da morte do outro brasileiro. Sobre a nova
negativa de clemência, a prima disse que a família ainda não informou Gularte a
respeito.
A situação de saúde de Rodrigo é preocupação crescente da
família desde agosto do ano passado, quando sua mãe Clarisse e a irmã Adriana o
visitaram. Além do surfista mostrar grande confusão mental, elas o encontraram
15 quilos mais magro.
Tolerância zero – O atual governante do país, Joko Widodo,
assumiu a presidência em outubro e implantou uma política de tolerância zero
para traficantes, prometendo executar os condenados por esse tipo de crime. Ele
tem apoio da população, amplamente favorável à pena de morte. "Mandamos
uma mensagem clara para os membros dos cartéis do narcotráfico. Não há
clemência para os traficantes", relatou à imprensa local Muhammad
Prasetyo, procurador-geral da Indonésia, sobre as execuções. A posição do
governante indonésio é criticada pela Anistia Internacional (AI). “Só 10% dos
países recorrem a execuções e a tendência é decrescente desde o fim da II Guerra
Mundial. É inaceitável que o governo da Indonésia manipule a vida de dois
brasileiros para fins de propaganda de sua política de segurança pública”,
disse Atila Roque, diretor-executivo da AI.