Collor apresenta a Temer plano de “reconstrução nacional
Collor apresenta “plano de reconstrução” a Temer. Vem aí novo confisco da poupança?
Liderando um
grupo de dez senadores, o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello
(PTC-AL) apresentou hoje (26) ao vice-presidente da República, Michel Temer
(PMDB), uma proposta de “reconstrução nacional”. Único presidente cassado
depois da redemocratização, Collor disse que o plano foi elaborado por
senadores do PTB, PSC, PRB, PTC e PR.
“Pedimos a
audiência para apresentar a ele [Temer], como já apresentamos ao Senado, à
sociedade, e também ao Palácio do Planalto, um programa fruto de estudos
realizados pelo próprio bloco de reconstrução nacional. Uma série de
observações que entendemos importantes para que, em sendo seguidas, possam
retirar o país da crise”, disse Collor.
O
ex-presidente não quis comentar o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em
análise no Senado.
Tucanos
A convite de
Temer, os líderes do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), e na Câmara, Antônio
Imbassahy (BA), também estiveram na noite de hoje no gabinete da
Vice-Presidência para tratar da transição de governo caso o Senado decida
afastar Dilma do cargo.
Em tom
cauteloso, Cunha Lima condicionou o apoio da legenda a um eventual governo
Temer à assinatura de “compromissos programáticos” e a uma mudança na forma da
condução do país e da construção da coalização política.
“Esse
relacionamento institucional que o PSDB deseja é que o PMDB não faça conosco o
que o PT fez com eles, de dividir o partido e não ter propostas para o Brasil.
É muito simples. Temos propostas. O partido tem uma estrutura orgânica, uma
direção, uma executiva e a conversa deve respeitar essa institucionalidade”,
disse o senador tucano antes da reunião com o vice-presidente.
Temer
continua a ouvir sugestões para formação de governo caso haja impeachment
Centrais
sindicais entregam documento com demandas trabalhistas a Temer
Segundo
Cunha Lima, o apoio do PSDB a Temer pode se dar, inclusive, sem a distribuição
de cargos. “Com ou sem cargos. O importante agora é o compromisso com o país e
com esses pontos que julgamos importantes para tirar o país da crise.”
O documento
com os compromissos, que os tucanos pretendem apresentar na próxima terça-feira
(3), deve exigir do futuro governo a garantia de manutenção das investigações
da Operação Lava Jato e mudanças conjunturais na economia.
“Apoio
integral à Operação Lava Jato, que tem que prosseguir com o governo dando toda
a atenção, o combate à corrupção, à roubalheira e diria, como grande ponto, a
reconstrução da economia. Aprovamos a admissibilidade do impeachment na Câmara
por conta da presidente ter cometido crime de responsabilidade, mas também na
expectativa de o país ver sua economia reconstruída”, disse Imbassahy.
Segundo
Cunha Lima, o país precisa reduzir o tamanho do Estado e equilibrar as contas
públicas, além de medidas para aumentar a produtividade da economia nacional. O
tucano também defendeu privatizações e mais concessões ao setor privado.
“O Brasil
precisa se tornar um país moderno e competitivo globalmente para que através da
expansão do nosso mercado externo, com exportações e conquistas de mercados,
tenhamos uma parte de saída para essa crise. Que passa por concessões,
privatizações, para que possamos atrair investimentos”, listou, na saída da
reunião com Temer.
Além dos
parlamentares do PSDB, Temer também recebeu nesta terça-feira lideranças do PR,
PTB, PSC, Solidariedade e PMDB. Para o líder do PSC na Câmara, deputado André
Moura (SE), o vice deve buscar um governo de “reconstrução” e “conciliação
nacional”.
“Um governo,
acima de tudo, de todos os partidos que estiveram no processo de impeachment.
Foram 367 deputados [que votaram pela admissibilidade da denúncia contra Dilma]
e espero que tenhamos uma vitória grande no Senado para que ele [Temer] possa
conduzir os destinos do nosso país, fazendo um governo de coalização, união,
que é a única maneira que temos para tirar o país da crise.”
Para o líder
do PTB na Câmara e relator do processo de impeachment na Casa, deputado Jovair
Arantes (GO), Temer já tem que tratar da formação do futuro governo. “Ele tem
que estar preocupado porque as coisas estão acontecendo. O Senado, certamente,
poderá aprovar o impedimento e ele tem que se preocupar. Agora é contagem
regressiva.”