Jornalismo com seriedade: Culpar o carnaval pelos problemas na folha, na Saúde

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Culpar o carnaval pelos problemas na folha, na Saúde



Não passa de demagogia barata é muita cara de pau a decisão de alguns prefeitos em cancelar o carnaval para priorizar a Educação, a Saúde e até mesmo o pagamento dos salários em atraso dos servidores.
Em primeiro lugar, os investimentos públicos são definidos na elaboração da peça orçamentária de acordo com a importância de cada setor e a atuação do poder público para atender as necessidades da população.
O orçamento municipal. estadual ou federal revela os compromissos dos gestores e o que eles entendem ser prioridade.
A ex-governadora Roseana Sarney, por exemplo, orçou para 2014 R$ 64 milhões para Comunicação e apenas R$ 29 milhões para os Direitos Humanos, Assistência Social e Cidadania.
Nessa balança, cada secretaria vale quanto pesa, sem que seja preciso deixar de investir em um setor em função de outro, embora possa haver discrepâncias.
A Educação e a Saúde recebem repasses federais e possuem orçamentos, 25% e 15%, estabelecidos pela própria Constituição, o que demonstra a falácia dos  que justificam o cancelamento do carnaval para investir nessas áreas consideradas prioritárias e que funcionam bem abaixo da crítica.
Deixar de investir em Cultura não vai resolver os problemas da péssima qualidade de ensino e assistência médico/hospitalar. Tampouco servirá para colocar em dia a folha de pagamento dos servidores.
A responsabilidade por tudo isso não é do carnaval, mas da incompetência e do desvio do dinheiro público.
Na verdade,  o carnaval deixou de ser importante depois que foi descoberto o esquema dos que aproveitam a folia de Momo para colocar dinheiro no bolso com a importação milionária de bandas baianas.
Pode-se muito bem fazer uma festa mais barata e de acordo com a capacidade econômica de cada município, com atrações locais e estaduais.
Mas isso não interessa, é só trabalho !
E só quem vai ter lucro – e esse honesto – é a população, principalmente a mais carente que aproveita o carnaval, assim como toda atividade cultural, que é parte de uma cadeia produtiva, para ganhar um dinheiro, que lhe permite pelo menos no início do ano, colocar comida na mesa.
A maioria, aliás, espera doze meses por essa única oportunidade de faturamento com a venda de churrasquinhos e bebidas.
O pior é que não só os gestores, mas parte da sociedade, demonstra completa ignorância sobre a capacidade da Cultura em transformar a vida das pessoas e gerar riquezas e empregos.
 “A cultura e as artes são dimensões fundamentais da vida humana. Por meio delas, as pessoas atribuem significação simbólica à sua experiência cotidiana, definindo e transformando o sentido de atividades como a luta pela sobrevivência e o trabalho. A cultura faz isso porque acrescenta valor à vida das pessoas, seja do ponto de vista material, ao torná-las mais qualificadas e mais valiosas em seu ambiente profissional, seja do ponto de vista ético e moral, ao estimular o seu refinamento espiritual e estético e ao melhorar a sua auto-estima. Exemplo disso é a fruição da beleza possibilitada pela obra de arte. A beleza transforma a qualidade de vida das pessoas ao torná-las mais sensíveis e, dessa forma, melhores como seres humanos. Por causa disso, a cultura também é um componente fundamental do desenvolvimento ao reivindicar a humanização do crescimento econômico”.
E como bem diz e canta Alcione Nazaré em Samba da Minha Terra: Quem não gosta de samba bom sujeito não é: É ruim da cabeça ou doente do pé