Não
passa de demagogia barata é muita cara de pau a decisão de alguns
prefeitos em cancelar o carnaval para priorizar a Educação, a Saúde e até mesmo
o pagamento dos salários em atraso dos servidores.
Em
primeiro lugar, os investimentos públicos são definidos na elaboração da peça
orçamentária de acordo com a importância de cada setor e a atuação do poder
público para atender as necessidades da população.
O
orçamento municipal. estadual ou federal revela os compromissos dos gestores e
o que eles entendem ser prioridade.
A
ex-governadora Roseana Sarney, por exemplo, orçou para 2014 R$ 64 milhões para
Comunicação e apenas R$ 29 milhões para os Direitos Humanos, Assistência Social
e Cidadania.
Nessa
balança, cada secretaria vale quanto pesa, sem que seja preciso deixar de
investir em um setor em função de outro, embora possa haver discrepâncias.
A
Educação e a Saúde recebem repasses federais e possuem orçamentos, 25% e 15%,
estabelecidos pela própria Constituição, o que demonstra a falácia dos que
justificam o cancelamento do carnaval para investir nessas áreas consideradas
prioritárias e que funcionam bem abaixo da crítica.
Deixar
de investir em Cultura não vai resolver os problemas da péssima qualidade de
ensino e assistência médico/hospitalar. Tampouco servirá para colocar em dia a
folha de pagamento dos servidores.
A
responsabilidade por tudo isso não é do carnaval, mas da incompetência e do
desvio do dinheiro público.
Na
verdade, o carnaval deixou de ser importante depois que foi descoberto o
esquema dos que aproveitam a folia de Momo para colocar dinheiro no bolso com a
importação milionária de bandas baianas.
Pode-se
muito bem fazer uma festa mais barata e de acordo com a capacidade econômica de
cada município, com atrações locais e estaduais.
Mas
isso não interessa, é só trabalho !
E
só quem vai ter lucro – e esse honesto – é a população, principalmente a mais
carente que aproveita o carnaval, assim como toda atividade cultural, que é
parte de uma cadeia produtiva, para ganhar um dinheiro, que lhe permite pelo
menos no início do ano, colocar comida na mesa.
A
maioria, aliás, espera doze meses por essa única oportunidade de faturamento
com a venda de churrasquinhos e bebidas.
O
pior é que não só os gestores, mas parte da sociedade, demonstra completa
ignorância sobre a capacidade da Cultura em transformar a vida das pessoas e
gerar riquezas e empregos.
“A cultura e as artes são dimensões
fundamentais da vida humana. Por meio delas, as pessoas atribuem significação
simbólica à sua experiência cotidiana, definindo e transformando o sentido de
atividades como a luta pela sobrevivência e o trabalho. A cultura faz isso
porque acrescenta valor à vida das pessoas, seja do ponto de vista material, ao
torná-las mais qualificadas e mais valiosas em seu ambiente profissional, seja
do ponto de vista ético e moral, ao estimular o seu refinamento espiritual e
estético e ao melhorar a sua auto-estima. Exemplo disso é a fruição da beleza
possibilitada pela obra de arte. A beleza transforma a qualidade de vida das
pessoas ao torná-las mais sensíveis e, dessa forma, melhores como seres
humanos. Por causa disso, a cultura também é um componente fundamental do
desenvolvimento ao reivindicar a humanização do crescimento econômico”.
E
como bem diz e canta Alcione Nazaré em Samba da Minha Terra: Quem não
gosta de samba bom sujeito não é: É ruim da cabeça ou doente do pé