Lobão cada vez mais encrencado na Lava-Jato
A situação do senador maranhense, Edison Lobão (PMDB), na Lava-Jato está
bem complicada. Quase todos os delatores mencionaram seu nome, muitos
aprofundando sua participação em todo o esquema.
Dentre os senadores, Edson Lobão é o mais é citado em depoimentos
que o complicam. Há poucos dias, documento sigiloso, que está no gabinete
do ministro Teori Zavascki, no Supremo Tribunal Federal (STF), aponta o
senador como o elo entre os esquemas de cobrança de propina na Petrobras e na
Eletronuclear.
Os registros, que chegam a 62 páginas, foram obtidos e revelados pela
Revista Época. O material foi enviado ao STF pela Procuradoria-Geral da
República.
Um dos trechos do documento diz “dessa forma, dentre os políticos do
PMDB que obtiveram vantagens indevidas advindas da Eletronuclear e Petrobras,
com o aprofundamento das investigações, é possível apontar o ex-ministro de
Minas e Energia (e senador) Edison Lobão como um dos vários pontos comuns
(ápice da pirâmide no âmbito do Ministério das Minas e Energia) que formam uma
área de intersecção crescente das duas investigações em andamento que revelam,
quando avaliadas em conjunto, uma única estrutura criminosa”.
Segundo a Época, “de acordo com a Procuradoria, não importava se era petróleo ou energia nuclear: se o assunto envolvia propina para o PMDB, era com Edison Lobão que se tratava.”
Segundo a Época, “de acordo com a Procuradoria, não importava se era petróleo ou energia nuclear: se o assunto envolvia propina para o PMDB, era com Edison Lobão que se tratava.”
Senador encrencado
Para esta conclusão, a Procuradoria baseou-se, entre outras provas, em
trechos de depoimentos do representante da Camargo Corrêa Luiz Carlos Martins,
dados sob um acordo de delação premiada. O dono da UTC, Ricardo Pessôa, outro
delator do petrolão, já havia falado sobre o pagamento de R$ 1 milhão a Lobão em
um esquema envolvendo contratos de Angra 3. Na época, Pessôa afirmou que o
valor era o adiantamento de uma propina maior, de R$ 30 milhões, pedida por
Lobão porque seu partido estava com pressa e precisava de “contribuições de
campanha”.
Lobão, também ex-ministro do governo Dilma Rousseff, segundo depoimento
de Martins prestado em junho aos investigadores, recebeu R$ 1 milhão. O delator
relatou ao menos duas reuniões das quais participou, para tratar do pagamento
de propina a políticos. Ele narrou um encontro onde Antônio Carlos Miranda, da
UTC Engenharia, pediu que representantes de seis empreiteiras envolvidas no
esquema dividissem com a construtora o pagamento de R$ 1 milhão que fora feito
a Lobão. Mas as construtoras recusaram, na época.
No documento, a PGR cita ainda o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto,
que está preso em Curitiba e fala em ”proeminente atuação” tanto no esquema que
envolvia a Petrobras, quanto na Eletronuclear.
Lobão é alvo de pelo menos três inquéritos abertos no Supremo — dois
decorrentes de desvios na Petrobras e um terceiro por suspeita de pagamento de
comissão na construção da usina Angra 3