A Velhinha de Taubaté é uma das últimas a acreditar na imparcialidade do judiciário e no ex-juiz Sérgio Moro. Também é devota do santo Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, o famigerado STF.
A personagem de humor criada pelo escritor Luís Fernando Veríssimo, na época da ditadura militar, ironizava um moribundo regime. Ela era uma das últimas a acreditar nos meganhas, qual seja, negava a existência de atrocidades dos militares como a tortura.
Pois bem, após 40 anos de seu surgimento –embora seja dada como morta desde 2005 pelo próprio criador–, a Velhinha de Taubaté ainda faz sucesso no judiciário. Ela não vê problema algum quando os moços da toga furaram a fila para condenar e prender o ex-presidente Lula; também não vê anormalidade alguma quando Dias Toffoli fura a fila de 42 ações para livrar o filho do presidente Jair Bolsonaro, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), no caso QueiroQueiro
O petista foi condenado pela segunda instância, o TRF4, em apenas 196 dias. Recorde absoluto no tribunal. Passou à frente de 257 processos que aguardavam julgamento no início de 2018.
A Velhinha de Taubaté, coitada, igualmente enxerga o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) como órgão “republicano”, portanto “imparcial” da política e das tentações corporativas do judiciário –mesmo que o colegiado esteja sob o comando de um lavajista ligado a Moro.
Diferente dos demais mortais, a Velhinha de Taubaté não vê motivos para refundar o judiciário e muito menos sonha com a hipótese de que juízes e procuradores são instrumentos de afirmação do poder da burguesia.
A Velhinha de Taubaté acredita que o livramento de Flávio Bolsonaro e a prisão política de Lula não têm nada a ver com a parcialidade do judiciário; ela também descarta que as decisões das cortes superiores ocorrem de acordo com os interesses de classe (a favor da burguesia) em detrimento dos proletários e dos setores médios da sociedade.