Sobrevivente do ataque a tiros no dia 1º de novembro na terra indígena Arariboia, no Maranhão, o "guardião da floresta" Laércio Guajajara, 34, está sob proteção do governo estadual numa cidade maranhense. Sua localização é mantida em segredo.
Ele tem uma bala alojada no corpo e disse à Folha de S.Paulo que vai haver "guerra" se a Justiça não tomar providências para conter a invasão da Arariboia.
O indígena Paulo Paulino, 26, também "guardião", foi assassinado com um tiro no ataque de novembro.
Laércio narrou à reportagem sua trajetória e a situação tensa na região.
Nasci na aldeia do Funil, em Arariboia. Tenho três filhos.
Eu tinha uns 16 anos quando ocorreu o assassinato do cacique Tomé [por madeireiros].
Eu não tinha muito interesse em lutar, mas depois que houve isso me deu uma vontade de ajudar na proteção da terra.
Eu via a exploração da terra. Muito caminhão saindo com madeira, com estacas, muita destruição.
Quando começaram os "guardiões", em 2013, eu me senti forte. Já estava com idade para lutar. Desde o início já começaram as ameaças. Participei da primeira ação dos "guardiões".
Ocorreu depois que a gente foi à Funai pedir para eles nos ajudarem a defender a terra. Aí algum deles lá falou que a nossa terra "não tinha mais jeito", que era para nós "largar de mão porque já era considerada perdida".