Jornalismo com seriedade: Baixada Maranhense recebe pesquisadores e produtores para discutir práticas sustentáveis na meliponicultura

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Baixada Maranhense recebe pesquisadores e produtores para discutir práticas sustentáveis na meliponicultura

Baixada Maranhense recebe pesquisadores e produtores
para discutir práticas sustentáveis  na meliponicultura
Encontro sobre abelhas nativas foi uma realização do Sebrae em parceria com a UEMA.





Cerca de 750 participantes, entre produtores, pesquisadores e estudantes, foram atendidos pela sétima edição do Encontro sobre Abelhas Nativas da Baixada Maranhense, realizado pelo Sebrae Maranhão, em parceria com a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), nos dias 3 e 4 de novembro, no município de São Bento. O evento recebeu o apoio institucional da Cooperativa Agroecológica do Mel na Baixada (Coamel) e Prefeitura Municipal de São Bento e discutiu os melhores caminhos para a produção do mel da abelha tiúba, nativa da região e sem ferrão.

As atividades do encontro foram realizadas na Fazenda Escola da Uema, com uma vasta programação que incluiu palestras, oficinas, um simpósio e uma reunião da Câmara Estadual do Mel, tratando de temas comuns à atividade econômica, como a conservação e a biodiversidade de abelhas com potencial para a produção de mel; a genética da espécie presente na região; inclusão produtiva por meio da criação de abelhas melíferas, dentre outros.
 Além das discussões, seis oficinas levaram os participantes a vivenciar as mais diversas práticas relacionadas à produção do mel da abelha tiúba, desde a utilização dos diferentes coletores para extração de mel; culinária meliponícola; multiplicação de colmeias; produção de creme terapêutico e hidratante para os pés com mel e extratos naturais das abelhas; produção de hidromel e a produção de mudas meliponículas.

Na solenidade de abertura do evento, o Prof. Dr. Maurício Bezerra – da equipe da Uema que coordenou o evento em São Bento, destacou a importância da meliponicultura como geração de riquezas para a região, reconhecidamente uma das mais pobres do Estado. “É uma atividade sustentável, desde que a sua exploração seja feita com manejo adequado e conhecimento para que os resultados possam ser otimizados. E o melhor: é uma atividade que dá retorno financeiro e tem pouco investimento, sendo alternativa para a criação de ocupação, emprego e renda para as pessoas que fazem parte da agricultura familiar, principalmente porque o mel dessa abelha tem mais valor agregado e, portanto, é vendido a um preço maior no mercado”. 

Capacitação
O diretor de Administração e Finanças do Sebrae no Maranhão, Raimundo Nonato Correia, ressaltou que o Sebrae sempre acreditou no potencial de negócio da meliponicultura maranhense, apoiando os pequenos produtores da região na gestão, no manejo das colmeias e no acesso ao mercado.  “Agora, com  a Lei de Produtos Artesanais, sancionada pelo Governo do Estado este ano, a atividade poderá alavancar, com a possibilidade de criação de pequenas agroindústrias já que aos requisitos e a fiscalização por parte dos órgãos estaduais competentes serão mais brandos”.

Na Baixada Maranhense, a atividade começou a ser discutida há 15 anos. “E hoje vemos um avanço realmente significativo, tanto no manejo das colmeias quanto, principalmente, no conhecimento dos meliponicultores”, destacou João Batista Martins, diretor da 8ª Superintendência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que atua em 147 municípios do Estado que são recortados, também, pelas bacias do Itapecuru e Mearim, além do Parnaíba.

“A Codevasf potencializa as atividades econômicas, principalmente dos pequenos produtores do raio de atuação dessas bacias hidrográficas, com aporte de recursos, buscando a sustentabilidade do ponto de vista financeiro e técnico”, explicou o representante da empresa pública que também apoiou o evento. “Como promotora de desenvolvimento, a Codevasf não poderia ficar à parte, tendo em vista, ainda, a rede de parceiros institucionais que foi constituída aqui para que as discussões sobre a meliponicultura fossem possíveis”. 

Atividade sustentável
A apicultura inclui a criação, o manejo da abelha e enxames, a extração e a comercialização de mel e seus produtos.  A atividade consolidou-se através dos tempos, principalmente, a relacionada à criação da abelha com o foco na produção de mel que é vista como prática sustentável e que gera um produto de alto valor nutritivo.

Nos últimos anos, a atividade ganha destaque no mercado de comoditties e, segundo dados da Agência Brasileira de Promoção a Exportação e Investimentos (Apex Brasil), a exportação de mel em 2014 deve atingir a casa dos US$ 55 milhões – US$ 1 milhão a mais do total vendido no ano passado, quando o setor superou as expectativas em US$ 5 milhões. Além disso, o Brasil está entre os dez maiores produtores e exportadores do produto do mundo.

Com a criação das abelhas, além do mel, é possível explorar produtos como pólen apícola, geleia real, abelhas rainhas, cera, própolis e a apitoxina – que é o veneno das abelhas, que tem valor comercial por causa das propriedades anti-inflamatória, analgésica, antidepressiva, imunomoduladora, hipotensora e antitumoral.

Meio ambiente
De acordo com o Prof. Dr. Ricardo Camargo, especialista em abelhas da Embrapa Meio-Norte e um dos conferencistas do evento, as abelhas são eficientes polinizadoras e grandes aliadas da conservação do ambiente.

“É um componente essencial da biodiversidade e na polinização das flores, tendo um importante papel na conservação dos ecossistemas e no equilíbrio ambiental, porque possibilitam a perpetuação das espécies. Elas, ainda, são úteis para a agricultura, contribuindo na melhoria da qualidade da produção de frutas, legumes, grãos e hortaliças”, reiterou o especialista.

Dentre as abelhas nativas do Maranhão, as indígenas sem ferrão merecem um local de destaque, pois além de fazer parte da grande biodiversidade encontrada na região de transição entre a Amazônia, o semi-árido, o Planalto Central e o litoral produzem uma grande quantidade de mel e de alta qualidade. Dentre as espécies encontra-se o gênero Melípona e como a sua principal representante a abelha tiúba, tipicamente da Baixada Maranhense, de alta fertilidade, resistência e produtora de um mel diferenciado, o que agrega valor ao seu produto.


Vanda Pereira
Unidade de Marketing e Comunicação
Regional do SEBRAE em Pinheiro - Ma
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