Escândalo na agiotagem: Polícia Civil confessa que não está investigando Miltinho Aragão
Confissão foi feita pela comissão de delegados que investiga a máfia que desvia dinheiro público por meio de contratos com empresas fantasmas
A agiotagem no Maranhão, que sempre roubou com muita liberdade o
dinheiro público da merenda escolar, de medicamentos, de estradas e do
aluguel de máquinas e carros por meio de prefeitos larápios e empresas
de fachada, tem agora a confirmação oficial da proteção do Palácio dos
Leões.
A confissão foi feita pela própria comissão de delegados ligada à
Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) da Polícia
Civil do Maranhão, responsável pelas apurações dos crimes de agiotagem
envolvendo gestores públicos e administradores de prefeituras
maranhenses, em reportagem de O Estado de domingo (2).
Embora a polícia tenha encontrado dois cheques da Prefeitura de São
Mateus, durante as operações Morta-Viva e Maharaja, dentro do cofre
do agiota Josival Cavalcante da Silva, o Pacovan, informações oficiais
da Seic dão conta que apenas as 41 prefeituras maranhenses investigadas
desde a morte do jornalista Décio Sá continuam sendo alvo das
investigações, e que em apenas quatro cidades - Zé Doca, Marajá do Sena,
Bacabal e Dom Pedro - existem comprovadas irregularidades em repasses
de orçamentos públicos.
Sem afirmar quando novos inquéritos finalmente serão abertos, e se a
Prefeitura de São Mateus passou a configurar entre as envolvidas na
dilapidação do erário, um dos delegados que constitui a comissão que
investiga a Máfia da Agiotagem, Wang Chao Jen, declarou apenas que as
investigações não se limitam somente as cidades maranhenses citadas até o
momento - o que confirma, em tese, que a lista de gestores e ex-gestores envolvidos no esquema criminoso deve chegar a 52.
Ainda assim, apesar de São Mateus estar entre as 52 prefeituras que
despejaram somas milionárias em contratos com pelo menos duas empresas
fantasmas utilizadas por Pacovan, pela declaração vaga de Wang Chao Jen,
percebe-se que tanto Miltinho Aragão com a maioria dos outros prefeitos
devem passar, pelo menos nos próximos quatro anos, fora das
grades. “Outras cidades podem ter gestores e ex-gestores ligados ao
crime. Tudo dependerá do aprofundamento, nos próximos meses, das
investigações”, afirmou Chao Jen, sem detalhar se ocorrerão depoimentos
ou se pessoas serão convocadas pela Seic para prestar esclarecimentos ou
repassar informações que auxiliem nas investigações.