O processo de impeachment que começa a se
desenrolar na Câmara dos Deputados contra a presidente Dilma Rousseff tem
atores comuns com a cassação do mandato do presidente Fernando Collor de Mello
(PRN-AL), que ocorreu há 23 anos. No cenário de deposição do primeiro
presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura militar, estavam
peças-chave, como o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o
senador Renan Calheiros (PMDB-AL), além dos ex-presidentes Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também figuras de peso neste
novo jogo de impeachment.
Cunha, que, como presidente da Câmara dos Deputados, aceitou o pedido de abertura de processo contra Dilma –, era vidraça em 1992. Ele atuou como auxiliar do tesoureiro de Collor, Paulo César Farias, na arrecadação de recursos para a campanha do alagoano. Com a vitória nas urnas, Collor não esqueceu o colaborador fiel e o indicou para a presidência da Telerj, empresa de telefonia do Rio. Assim como enfrenta hoje acusações de cobrança de propina em contratos da Petrobras, à época, Cunha foi acusado de firmar um contrato sem licitação com empresa no valor de R$ 95 milhões. Mas foi retirado do cargo em razão de irregularidades.
Cunha, que, como presidente da Câmara dos Deputados, aceitou o pedido de abertura de processo contra Dilma –, era vidraça em 1992. Ele atuou como auxiliar do tesoureiro de Collor, Paulo César Farias, na arrecadação de recursos para a campanha do alagoano. Com a vitória nas urnas, Collor não esqueceu o colaborador fiel e o indicou para a presidência da Telerj, empresa de telefonia do Rio. Assim como enfrenta hoje acusações de cobrança de propina em contratos da Petrobras, à época, Cunha foi acusado de firmar um contrato sem licitação com empresa no valor de R$ 95 milhões. Mas foi retirado do cargo em razão de irregularidades.
Outro peemedebista importante no governo Collor foi
Renan Calheiros, à época, indicado para a vice-presidência executiva da
Petrobras Química (Petroquisa), subsidiária da Petrobras, onde atuou até 1994.
Hoje, como presidente do Senado, ele diz se manter na base aliada do governo,
mas já teve enfrentamentos com o governo Dilma.
Lula mantém a mesma importância política. Depois de
ser derrotado por Collor na eleição presidencial de 1989, assumiu o comando da
ferrenha oposição a seu rival e perdeu mais duas disputas pelo Palácio do
Planalto até ser eleito presidente em 2002 e reeleito em 2006. Agora, é
fundamental para mobilizar forças e aglutinar o PT, para evitar que sua
sucessora caia em desgraça.
Hoje na presidência de honra do PSDB, o então
senador Fernando Henrique Cardoso ainda manteve um flerte com Collor. Trocou
afagos com Dilma, mas, no atual cenário, defende o impeachment e mais: a
renúncia para evitar maiores desgastes para o país. Outro peça importante, o
jurista Hélio Bicudo, que foi signatário da cassação de Collor e agora autor do
pedido contra a petista, se vangloria da experiência que tem neste árido
processo político. (Colaborou Pedro Rocha Franco)
Fernando Collor de Mello, senador e
ex-presidente da República
Além de deixar a Presidência da República, Collor
teve seus direitos políticos cassados por oito anos e retornou à política para
se candidatar a senador pelo PTB de Alagoas. Vitorioso, já está em sua segunda
legislatura. É um dos investigados por suspeita de envolvimento na Operação
Lava-Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, tendo, inclusive,
bens apreendidos. Acusa a Procuradoria-Geral da República de persegui-lo.
“A presidente está privada de instrumentos
essenciais de coordenação, de concertação política para sair da crise em que
colocou seu governo”
Ibsen Pinheiro
Depois de deixar a presidência da Câmara, a qual
ocupou no período de 1991 a 1993, Ibsen teve depois seu mandato cassado por
envolvimento com o escândalo dos Anões do Orçamento. Absolvido pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), ele se candidatou a deputado federal em 2006 e, agora,
ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. No início do
ano, assumiu a presidência do PMDB no estado.
Sydney Sanches, ex-presidente do
Supremo Tribunal Federal
No comando do Supremo Tribunal Federal à época do
impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, Sydney Sanches, hoje
ministro aposentado, foi convidado a elaborar um parecer sobre a viabilidade de
um processo semelhante contra Dilma Rousseff (PT), mas recusou. Ele mantém um
escritório de advocacia.
‘‘Recusei porque poderia parecer que estou querendo
influenciar a opinião pública apenas porque participei de outro processo de
impeachment”