Com o país de pernas para o ar, dançando na beira do abismo, o inacreditável presidente Jair vai participar da reunião do G-20 no Japão, certamente para a gente passar mais vergonha.
O que ele teria a dizer ao mundo, se não consegue botar ordem nem no seu quintal?
Enquanto
Bolsonaro brinca de ser presidente e perde uma atrás da outra no Congresso e no
STF, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, na vacância do cargo, resolveram assumir o
governo.
Só agora o capitão aloprado
descobriu que suas promessas de campanha, que ele está cumprindo, eram
inconstitucionais.
Em guerra contra a tomada de três
pinos e o “marxismo cultural” nas escolas, ele agora só pensa na reeleição em
2022, com apenas seis meses de mandato.
No seu mundinho particular, o
capitão deve estar assustado com a desenvoltura de João Doria e Sergio
Moro, que também já estão em campanha.
Na dança das cadeiras dos
generais de farda ou de pijama, o presidente encontra tempo para anunciar, com
uma canetada, a mudança da Fórmula-1 de São Paulo para o Rio, só para mostrar
ao país que quem manda é ele.
Bolsonaro finge que governa, o
STF finge que respeita a Constituição e o Congresso finge que assumiu as rédeas
do país para aprovar a reforma da Previdência e acalmar o mercado.
É um país de fingidores que se
protegem uns aos outros para deixar tudo como está.
Os generais Heleno e Villas-Boas
cuidam da retaguarda, para impedir que Lula seja libertado, o grande pavor da
nova ordem bolsonarista e seus aliados no Judiciário e na mídia.
O presidente do STF, Dias
Toffoli, e a procuradora geral, Raquel Dodge, sem ter mais o que fazer, agora
comparecem a todos os eventos do Executivo ao lado de Bolsonaro, como se fossem
ministros do governo. Nunca tinha visto nada parecido nos últimos 20 anos.
Nestas horas cheias de
assombração, volta-se em falar em parlamentarismo como salvação da lavoura.
“Nos últimos seis meses, o modelo
criou coragem para sair do armário após as barbaridades baixadas via decreto,
como o das armas, a balbúrdia dos avalistas e os reiterados sinais de que a
cabeça de Bolsonaro está ocupada, mesmo, com a tomada de três pinos, a
importação de bananas do Equador e a ida ou não da corrida de Fórmula-1 para o
Rio _ o que tomou boa parte da sua agenda nesta segunda-feira”, escreve Ranier
Bragon em sua coluna na Folha.
Lá pelas tantas, o capitão
resolveu transferir a demarcação das terras indígenas ao Ministério da
Agricultura para agradar a bancada do boi, mas foi barrado por uma liminar do
STF.
Seria mais ou menos como colocar
as milícias da Baixada Fluminense para tomar conta de uma creche.
Rodrigo Maia, cada vez mais
emponderado, já anunciou que a Câmara deve derrubar o decreto da liberação da
posse e do porte de armas, outra obsessão de Bolsonaro.
Restará ao presidente ficar
fazendo arminha com as mãos para seu rebanho de evangélicos neo-pentecostais,
policiais militares, militares, milicianos e agroboys, o núcleo duro da
boçalidade em marcha.
É tudo tão surrealista e
inverosímel que, no auge das denúncias sobre as suas maracutaias na Lava Jato,
para condenar e prender Lula, Sergio Moro resolveu viajar novamente para os
Estados Unidos, a verdadeira fonte do seu poder, sem dar satisfações a ninguém.
Com o país de pernas para o ar,
dançando na beira do abismo, o inacreditável presidente Jair vai participar da
reunião do G-20 no Japão, certamente para a gente passar mais vergonha.
O que ele teria a dizer ao mundo,
se não consegue botar ordem nem no seu quintal?
Bolsonaro e seu chanceler
olavista querem promover uma reunião paralela ao G-20 para discutir os
problemas da Venezuela. Dá para acreditar?
Por que eles não começam a
discutir um programa de governo para o Brasil?
Já repararam que, de uns tempos
para cá, Bolsonaro aparece sempre rindo, talvez orientado por seu novo
marqueteiro, para mostrar que está tudo bem. Ri de que, ri de quem?
As calçadas das nossas cidades já
estão ficando pequenas para tanta gente que mora e dorme nas ruas, com as
empresas demitindo cada vez mais trabalhadores e fechando as portas.
Por onde anda o Paulo Guedes, o
Posto Ipiranga, pau da barraca do governo, que sempre tinha respostas e
soluções para tudo?
Agora ficou mais humilde, anda
pelos cantos, com cara de quem comeu e não gostou.
Que me perdoem os amigos
otimistas, mas esse conjunto da obra não tem como dar certo, nem com reza
brava.
Vida que segue.
POSTADO POR: WILLIAN REDONDO EM 25 DE
JUNHO DE 2019
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