A Mauro Cid, Mario Fernandes comemorou que Bolsonaro aceitou o "nosso assessoramento". Relatório da PF revela “planejamento com características terroristas" e até pistolas e fuzis que seriam usados pelos militares golpistas para matar Lula, Alckmin e Moraes.
Uma semana antes do dia 15 de dezembro de 2022, data marcada para desencadeamento do plano “Punhal Verde e Amarelo”, em que seriam assassinados Lula e Geraldo Alckmin, então presidente e vice-presidente eleitos. o general Mário Fernandes, ministro-substituto da Secretaria-Geral da Presidência, se reuniu pessoalmente com Jair Bolsonaro (PL), segundo relatório da Polícia Federal que resultou na operação que prendeu quatro militares e um agente federal nesta terça-feira (19).
A reunião aconteceu no dia 8 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada entre 17h e 17h40.
"Após a visita ao Palácio da Alvorada, MÁRIO FERNANDES, mais uma vez, entrou em contato com MAURO CÉSAR BARBOSA CID, comemorando que o então Presidente JAIR BOLSONARO aceitou o ‘nosso assessoramento’ e noticiando o efeito da reunião entre os manifestantes golpistas", diz a PF no relatório que serviu de base para a prisão do general da reserva, que até março atuava como assessor de gabinete de outro ex-ministro de Bolsonaro, o general Eduardo Pazuello (PL-RJ), na Câmara Federal.
Segundo a PF, Fernandes atuava como "ponto focal" entre Bolsonaro e os manifestantes golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília e teria ciência do primeiro ato golpista, quando bolsonaristas tentaram invadir a sede da PF na capital Federal.
"Assim, ressalta a autoridade policial que os contatos com pessoas radicalizadas acampadas no QGEX reforça que o General MÁRIO FERNANDES 'possuía influência sobre pessoas radicais acampadas no QG-Ex, inclusive com indicativos de que passava orientações de como proceder e, ainda fornecia suporte material e/ou financeiro para os turbadores antidemocráticos'”, diz Alexandre de Moraes na decisão sobre os pedidos da PF.
Terrorismo
No relatório, a PF ainda ressalta a "participação ativa" de Fernandes na "elaboração de um detalhado planejamento que seria voltado ao sequestro ou homicídio do Ministro ALEXANDRE DE MORAES e, ainda, dos candidatos eleitos Luís Inácio Lula da Silva e Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, ambos componentes da chapa vencedora das eleições”.
Os investigadores ainda descobriram um arquivo, denominado “Fox_2017.docx” em um HD externo de Fernandes que continha “um verdadeiro planejamento com características terroristas, no qual constam descritos todos os dados necessários para a execução de uma operação de alto risco”.
Além de um planejamento militar detalhado, o documento continha ainda as armas e munições que seriam usadas na execução de Lula, Alckmin e Moraes.
"A lista com o arsenal previsto revela o alto poderio bélico que estava programado para ser utilizado na ação. As pistolas e os fuzis em questão (‘4 Pst 9 mm ou .40” e “4 Fz 5,56 mm, 7,62 mm ou .338’) são comumente utilizados por policiais e militares, inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados. Chama atenção, sobretudo, o armamento coletivo previsto, sendo: 1 metralhadora M249 – MAG – MINIMI (7,62 mm ou 5,56 mm), 1 lança Granada 40 mm e 1 lança rojão AT4. São armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate", diz o texto.