Desembargadores podem estar envolvidos em ‘esquemão’ no caso de Anajatuba
Desembargador
Raimundo Magalhães Melo, que durante 14 meses acompanhou o caso,
misteriosamente julgar-se suspeito para deferir ou não os pleitos. Já
o des. Antônio Bayma, o mesmo que teria ido pedir ao colega cautela
quanto ao decreto prisional, acabou sendo o relator sorteado.
Informações de Itamargarethe Corrêa Lima, especial do jornal EXTRA, com edição do Blog.
Por conta das provas que evidenciam,
literalmente, o roubo do dinheiro público, o Grupo de Combate ao Crime
Organizado do Ministério Público Estadual – GAECO não tem dúvida da
existência de uma organização criminosa, que por meio de empresas
fantasmas desviaram mais de R$ 13 milhões de reais dos cofres no
município de Anajatuba.
Nos
últimos dias, lobistas e renomados advogados cruzam os corredores do
Tribunal de Justiça tentando evitar a prisão de figurões (foto abaixo)
que foram denunciados e tiveram pedidos de prisão preventiva requeridos
pelo procurador de Justiça – Francisco das Chagas Barros de Sousa.
Um montante com farta documentação que
provam a fraude com os recursos público em Anajatuba seguiu para o
gabinete do desembargador Raimundo Nonato Magalhães Melo e,
posteriormente, para a Procuradoria de Justiça. Passado alguns dias,
além de oferecer denúncia contra 15 envolvidos por crime de corrupção
passiva, organização criminosa, fraude em processo licitatório, lavagem
de dinheiro, entre outros delitos, o procurador Francisco Barros pediu,
ainda, a decretação de prisão dos denunciados.
Desde então, nos bastidores do Tribunal
de Justiça – TJ-MA, algumas situações estão saltando aos olhos daqueles
que acompanham o desenrolar dos acontecimentos, dentre elas, o fato do
próprio desembargador Raimundo Magalhães Melo, que durante 14 meses
acompanhou de perto todo o trabalho realizado pelos promotores de
justiça, misteriosamente julgar-se suspeito para deferir ou não os
pleitos requeridos pela Procuradoria de Justiça, fato, inclusive, capaz
de prejudicar todo o trabalho investigatório.
– Será o que mudou?
– Durante todo o espetáculo, através do
deferimento das cautelares, o desembargador foi peça decisiva para que o
Ministério Público obtivesse as provas carreadas, e porque será que
justamente no apagar das luzes, o Douto Magistrado se julgou suspeito?
– É inquietante, você não acha?
Mas de fato, a decisão do desembargador é
no mínimo preocupante, pois a todo custo, a defesa dos denunciados
tentam levar ao descrédito a investigação feita. Assim sendo, só nos
restar torcer para que a suspeição tenha como base o presente e não o
pretérito.
Movimentações suspeitas e vazamento de informações
Oficialmente, no gabinete do magistrado
ninguém confirma, mas de forma extraoficial, embora o envelope tenha
sido entregue lacrado, uma parente do desembargador teria repassado a
informação dos requerimentos feito pelo procurador, no caso, o
afastamento do prefeito, a denúncia e os mandados de prisão contra os
envolvidos, para um dos irmãos do prefeito denunciado.
Desde então, o entra e sai de
autoridades vinha sendo intenso no gabinete do magistrado. Na primeiras
horas da manhã da última terça feira(23), acompanhado de um renomado
advogado, o desembargador teria sido surpreendido com a vista do próprio
prefeito Helder Aragão.
Na oportunidade, uma ligação teria sido
feita pelo prefeito a um senador da República, e o aparelho celular
repassado para que o mesmo falasse com o magistrado. Do outro lado da
linha, o senador teria intercedido em favor do correligionário.
Quem conhece o desembargador Raimundo
Magalhães Melo sabe que ele não costuma negar um pedido colega Antônio
Bayma de Araújo. E logo após a conversa com o prefeito, mesmo estando de
férias, justamente o desembargador Bayma de Araújo teria ido visitar o
colega. Embora o encontro tenha sido a porta fechada, o desembargador
Raimundo Magalhães teria confidenciado a assessores que na visita, o
colega pediu que ele analisasse com cautela os pedidos de prisão. Pela
relação de amizade, e diante dos muitos pedidos, não deu outra, o
desembargador que concedeu as medidas cautelares e atuou em toda a
investigação, julgou-se suspeito.
Assim sendo, conforme preceitua o
regimento interno do TJMA, os 61 volumes voltaram para a distribuição, e
numa daquelas muitas coincidências da vida, mesmo com outros 27
desembargadores na Corte Maranhense, mediante sorteio, pasmem, o
desembargador Antônio Bayma, o mesmo que teria ido pedir ao colega
cautela quanto ao decreto prisional, acabou sendo o relator sorteado.
Nos corredores do TJ a bolsa de aposta
já alcança patamares inimagináveis, esperando do desembargador oriundo
do Ministério Público, instituição que serviu por mais de duas décadas.
No TJ, assessores evidenciam que as
manobras, se é que assim podemos chamar, teriam como escopo evitar a
prisão do ex-presidente da Assembleia, o ex-deputado Carlos Braide e,
ainda, Fernando Júnior, empresário com estreita ligação com o clã
Sarney.