Jornalismo com seriedade: Desembargadores podem estar envolvidos em ‘esquemão’ no caso de Anajatuba

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Desembargadores podem estar envolvidos em ‘esquemão’ no caso de Anajatuba

Desembargadores podem estar envolvidos em ‘esquemão’ no caso de Anajatuba

Desembargador Raimundo Magalhães Melo, que durante 14 meses acompanhou o caso, misteriosamente julgar-se suspeito para deferir ou não os pleitos. Já o des. Antônio Bayma, o mesmo que teria ido pedir ao colega cautela quanto ao decreto prisional, acabou sendo o relator sorteado.
Informações de Itamargarethe Corrêa Lima, especial do jornal EXTRA, com edição do Blog.
Des. Raimundo Magalhães Melo, não costuma atender pedidos de quem quer que seja, com exceção do colega Antônio Bayma de Araújo. Juntamente com João Santana de Sousa, os dois integram a Primeira Câmara Criminal.
Por conta das provas que evidenciam, literalmente, o roubo do dinheiro público, o Grupo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual – GAECO não tem dúvida da existência de uma organização criminosa, que por meio de empresas fantasmas desviaram mais de R$ 13 milhões de reais dos cofres no município de Anajatuba.
Nos últimos dias, lobistas e renomados advogados cruzam os corredores do Tribunal de Justiça tentando evitar a prisão de figurões (foto abaixo) que foram denunciados e tiveram pedidos de prisão preventiva requeridos pelo procurador de Justiça – Francisco das Chagas Barros de Sousa.
Um montante com farta documentação que provam a fraude com os recursos público em Anajatuba seguiu para o gabinete do desembargador Raimundo Nonato Magalhães Melo e, posteriormente, para a Procuradoria de Justiça. Passado alguns dias, além de oferecer denúncia contra 15 envolvidos por crime de corrupção passiva, organização criminosa, fraude em processo licitatório, lavagem de dinheiro, entre outros delitos, o procurador Francisco Barros pediu, ainda, a decretação de prisão dos denunciados.
Desde então, nos bastidores do Tribunal de Justiça – TJ-MA, algumas situações estão saltando aos olhos daqueles que acompanham o desenrolar dos acontecimentos, dentre elas, o fato do próprio desembargador Raimundo Magalhães Melo, que durante 14 meses acompanhou de perto todo o trabalho realizado pelos promotores de justiça, misteriosamente julgar-se suspeito para deferir ou não os pleitos requeridos pela Procuradoria de Justiça, fato, inclusive, capaz de prejudicar todo o trabalho investigatório.
– Será o que mudou?
– Durante todo o espetáculo, através do deferimento das cautelares, o desembargador foi peça decisiva para que o Ministério Público obtivesse as provas carreadas, e porque será que justamente no apagar das luzes, o Douto Magistrado se julgou suspeito?
– É inquietante, você não acha?
Mas de fato, a decisão do desembargador é no mínimo preocupante, pois a todo custo, a defesa dos denunciados tentam levar ao descrédito a investigação feita. Assim sendo, só nos restar torcer para que a suspeição tenha como base o presente e não o pretérito.
Movimentações suspeitas e vazamento de informações 
Oficialmente, no gabinete do magistrado ninguém confirma, mas de forma extraoficial, embora o envelope tenha sido entregue lacrado, uma parente do desembargador teria repassado a informação dos requerimentos feito pelo procurador, no caso, o afastamento do prefeito, a denúncia e os mandados de prisão contra os envolvidos, para um dos irmãos do prefeito denunciado.
Desde então, o entra e sai de autoridades vinha sendo intenso no gabinete do magistrado. Na primeiras horas da manhã da última terça feira(23), acompanhado de um renomado advogado, o desembargador teria sido surpreendido com a vista do próprio prefeito Helder Aragão.
carlos-braide
Ex-deputado Carlos Braide, empresário Fernando Júnior, dono da Escutec e o Prefeito Helder Lopes Aragão(PMDB) são acusados de serem os “cabeças” do esquema.
Na oportunidade, uma ligação teria sido feita pelo prefeito a um senador da República, e o aparelho celular repassado para que o mesmo falasse com o magistrado. Do outro lado da linha,  o senador teria intercedido em favor do correligionário.
Quem conhece o desembargador Raimundo Magalhães Melo sabe que ele não costuma negar um  pedido colega Antônio Bayma de Araújo. E logo após a conversa com o prefeito, mesmo estando de férias, justamente o desembargador Bayma de Araújo teria ido visitar o colega. Embora o encontro tenha sido a porta fechada, o desembargador Raimundo Magalhães teria confidenciado a assessores que na visita, o colega pediu que ele analisasse com cautela os pedidos de prisão. Pela relação de amizade, e diante dos muitos pedidos, não deu outra, o desembargador que concedeu  as medidas cautelares e atuou em toda a investigação, julgou-se suspeito.
Assim sendo, conforme preceitua o regimento interno do TJMA, os 61 volumes voltaram para a distribuição, e numa daquelas muitas coincidências da vida, mesmo com outros 27 desembargadores na Corte Maranhense, mediante sorteio, pasmem, o desembargador Antônio Bayma, o mesmo que teria ido pedir ao colega cautela quanto ao decreto prisional, acabou sendo o relator sorteado.
Nos corredores do TJ a bolsa de aposta já alcança patamares inimagináveis, esperando do desembargador oriundo do Ministério Público, instituição que serviu por mais de duas décadas.
No TJ, assessores evidenciam que as manobras, se é que assim podemos chamar, teriam como escopo evitar a prisão do ex-presidente da Assembleia, o ex-deputado Carlos Braide e, ainda, Fernando Júnior, empresário com estreita ligação com o clã Sarney.