O Brasil é o pior país da América do Sul para ser
menina, de acordo com relatório divulgado ontem pela ONG Save the Children, dos
Estados Unidos. Entre 144 países avaliados, o Brasil aparece na 102ª posição, à
frente apenas de Guatemala e Honduras, no continente americano. Os indicadores
avaliados são o casamento infantil, gravidez na adolescência, mortalidade
materna, representatividade de mulheres no parlamento e conclusão do ensino
médio.
No dia internacional da menina, celebrado em 11 de
outubro, estatísticas negativas descortinam as dificuldades enfrentadas por
elas ao longo do processo de desenvolvimento. A gravidez na adolescência e o
casamento infantil são os indicadores que mais preocupam. De acordo com o
relatório, a cada sete segundos, uma garota com menos de 15 anos se casa, na
maioria das vezes, forçada. E a cada 12 meses, 70 mil adolescentes morrem por
complicações na gravidez ou no parto.
O Brasil é o 4º país com o maior número de meninas,
com até 15 anos, casadas, de acordo com a pesquisa Ela vai no meu barco –
Casamento na infância e adolescência no Brasil, realizada pelo Instituto
Promundo em parceria com a Unicef, divulgada em 2015. E cerca de 88 mil meninas
e meninos, de 10 a 14 anos, estão em casamentos consensuais civis ou
religiosos, de acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Sobre a representatividade de mulheres no
parlamento, o documento indica que os países buscam igualdade de gênero entre
parlamentares, independente do tamanho da economia. “Apenas três dos países com
a maior proporção de mulheres deputadas são de alta renda — Suécia, Finlândia e
Espanha. Ruanda está no topo da tabela com 64% de deputadas, seguido por
Bolívia e Cuba. Apenas 19% dos deputados nos EUA são mulheres, e apenas 29%, no
Reino Unido”, aponta o relatório. No mundo, 23% dos assentos parlamentares são
ocupados por mulheres. Qatar e Vanuatu não possuem nenhuma mulher no
parlamento.
O Brasil está atrás de países com histórico de
abusos contra mulheres como Irã, Sudão, Iraque, Índia e Síria. De acordo com a
pesquisa, um dos indicativos que contribuem para a colocação é a falta de
representatividade de mulheres no parlamento. Mas o relatório também chama
atenção para os altos índices nos quesitos casamento infantil e gravidez na
adolescência.