Luis Nassif
entrevista governador que interrompeu 50 anos do poder dos Sarneys no Maranhão;
Em um ano de gestão, Ideb do Estado saltou de 2,8 para 3,1.
Por Luís Nassif
Jornal GGN
Nesta edição do Sala
de visitas, Luis Nassif recebe Flávio Dino, atual governador do Maranhão que
derrotou a dinastia de 50 anos de poder dos Sarneys no Estado.
Nas últimas eleições
municipais o grupo político do maranhense conquistou 153 prefeituras dos 217
municípios do Maranhão, 46 dessas para seu partido, o PCdoB. O resultado foi um
grande salto, considerando que há quatro anos os partidos que se uniram em
oposição ao PMDB e coligados conquistaram apenas 17 prefeituras, sendo 4 do
partido comunista.
Para Flávio Dino a
vitória nas urnas ratifica a satisfação dos maranhenses com o seu governo.
Empossado em 2015, o ex-juiz federal conseguiu aumentar a popularidade
melhorando os gastos do dinheiro público, mesmo em meio à crise financeira que
levou o Estado e perder R$ 1,200 bilhão de repasse do governo federal desde o
início de sua gestão, em decorrência da recessão econômica que diminuiu os
recursos do Fundo de Participação dos Estados.
"Não lamentamos
muito porque nós conseguimos, ao mesmo tempo, fazer muito corte de despesa,
porque havia espaço para isso. Nós cortamos 300 milhões de despesas suntuosas
com coisas luxuosas, corrupção, desvios dos governantes que haviam antigamente.
Só no Porto de Itaqui nós cortamos 60 milhões de reais em um ano de despesas
administrativas que havia lá com consultorias, projetos, programas. E só com
aviões e helicópteros a redução foi da ordem de 7 milhões de reais".
O governador destaca,
ainda, que elevou os gastos com educação aumentando, por exemplo, o salários
dos professores para R$ 5 mil / 40 horas semanais, reformando escolas e dobrado
bolsas de pós-graduação, entre outras políticas no setor. Em um ano o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Estado saltou de 2,8 para 3,1. Uma
melhora de 10%.
O político alerta,
entretanto, que mesmo aumentando a eficiência dos gastos e estabelecendo um
sistema de metas que tem ajudado seu governo a desenvolver a economia local o
Maranhão começa a ter dificuldades financeiras por conta do quadro de recessão.
"Temos hoje
alguma dificuldade de pagamento de fornecedores por conta da continuidade desse
processo. É claro que você resiste durante algum tempo, depois vai se
deteriorando", por isso Dino critica a proposta de emenda à constituição
nº 241, do governo federal e aprovada em primeiro turno na Câmara dos
Deputados, que limita os gastos públicos sobretudo em setores essenciais, como
saúde e educação.
"Na hora que
você vai no sentido de restrição do Estado e dos gastos sociais você está, na
verdade, renunciando a um projeto de nação que seja agregador, porque na medida
em que a nação é marcada por clivagem, ruptura, assimetrias, desigualdades como
é que você vai ter um projeto de cultura da pátria, direitos humanos e de
unidade nacional autêntica? É claro que o que vai prosperar na ausência do
Estado é a concentração de renda, de poder, de conhecimento e a violência e o
ódio entre os brasileiros como infelizmente a gente vê. Então é um projeto
antinacional".
Nesta entrevista Dino
também comenta a relação do seu governo com o poder judiciário e movimentos
sociais, os problemas de segurança pública enfrentados no Estado, além da
perseguição dos partidos de esquerda no Brasil e o esvaziamento da política.