Fábricas fecham, governo cai e sinais de recessão graves apontam para futuro sombrio no centro nervoso da União Europeia
Nesta segunda-feira (16), o governo da Alemanha do chanceler Olaf Scholz recebeu um voto de desconfiança e caiu depois de dois anos no poder.
A crise política foi motivada pela queda do ministro da Economia, que defendia um orçamento com corte de gastos, enquanto o governo defendia uma ampliação dos gastos do governo para reverter a crise econômica vivida pelo país.
Em 2023, a Alemanha entrou em recessão e, neste ano, seguirá com crescimento zero ou recessão, mostram as projeções econômicas.
A grande força produtiva da Europa tem tido problemas financeiros e econômicos por conta do aumento dos preços de energia, ligados diretamente ao conflito entre Rússia e Ucrânia, apoiado de maneira inquestionável pelos grandes setores políticos alemães.
Simultaneamente, o país tem enfrentado uma inflação nas cadeias de produção e visto a sua indústria automobolística balançando frente a grande competitividade imposta pelos produtos chineses.
Depois de se fechar para a Rússia e entrar em uma guerra comercial com a China, a Alemanha perdeu alternativas de cooperação e seu principal lastro econômico de parcerias - a União Europeia -, também tem enfrentado problemas econômicos similares.
A França, grande aliada na UE, vai crescer pouco (1.1%) e tem tido dificuldades políticas, exemplificada pelo fato de que quatro primeiros-ministros ocuparam o segundo cargo mais importante da República Francesa desde janeiro de 2024.
Além dos números, outros exemplos claros da crise estiveram nas manifestações dos produtores rurais na Alemanha ao longo deste ano e no fechamento de fábricas da Volkswagen ao redor do país.
As projeções para 2025 não são positivas, com a possibilidade de um parlamento ainda mais fragmentado do que o atual - o que intensificaria a crise política - e com crescimento de 0.7% para 2025, um número ainda tímido para as quedas de 0.3% em 2023 e o PIB zero de 2024.
Soma-se a isso o desemprego crescendo, que saiu d e 5% em abril de 2022 para 6,1% em outubro de 2024, atingindo o ponto mais alto desde a pandemia de covid-19.
Em novembro de 2023, o país chegou a ter 8% de inflação anual - o dobro do registrado do Brasil em 2024, por exemplo -, mas a estabilização chegou com uma taxa atual quase travada em 2%, indicando reestabilização da moeda do país.
Contudo, sem a recuperação de salários e de gastos governamentais, a rejeição do primeiro-ministro Scholz não se recuperou positivamente. Ele cai com 56% de rejeição da população e a crise alemã segue irresoluta.