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CRISE HUMANITÁRIA Genocídio em Gaza e normalização da barbárie em debate na USP

Seminário internacional discute violência e colonialismo com participação de jornalista sobrevivente e professores palestinos

Manifestante com lenço palestino carrega bandeira da Palestina durante protesto às margens do G20 no Rio de Janeiro.

A crise humanitária na Faixa de Gaza, amplamente descrita como genocídio por especialistas e organizações internacionais, já dura mais de um ano, sem perspectivas de cessar-fogo. De acordo com os parâmetros do Estatuto de Roma de 1998, as ações do exército israelense na região configuram características de genocídio, enquanto a comunidade internacional permanece paralisada diante da destruição.

Nos últimos treze meses, a população palestina tem enfrentado bombardeios contínuos e um cerco devastador. A fome é utilizada como arma de guerra, deixando cerca de metade da população em estado de emergência alimentar.

Segundo dados da ONU e do Integrated Food Security Phase Classification (IPC), a desnutrição atinge níveis catastróficos, requerendo intervenções médicas que não conseguem chegar ao território devido ao bloqueio quase total.

Além disso, mais de um milhão de pessoas sofrem com doenças agravadas pela contaminação do solo, do ar e pela falta de saneamento básico.

O renomado médico Mustafa Barghouti alertou para o que chamou de "guerra química subjacente", intensificada pela escassez de água potável e coleta de resíduos.

Um relatório recente da Human Rights Watch revelou a morte de centenas de profissionais de saúde e trabalhadores humanitários em ataques direcionados, além de casos de tortura e detenções sistemáticas.

Apesar das denúncias, a normalização da violência tornou-se regra. Instituições internacionais permanecem inertes, líderes globais não agem, e a cobertura da imprensa diminuiu significativamente, silenciando a escala da destruição.

A violência não se limita a Gaza. O sul do Líbano e Beirute também enfrentam ataques, enquanto a Cisjordânia vive o ano mais violento de sua história. Nesse cenário, lideranças israelenses continuam anunciando a anexação completa de territórios palestinos, consolidando práticas de apartheid e limpeza étnica.

Seminário Internacional Racismo, Colonialismo e Genocídio na Palestina

Para discutir esse contexto, o Seminário Internacional "Racismo, Colonialismo e Genocídio na Palestina" reunirá especialistas de renome internacional.

Entre os convidados está Shahd Shafi, jornalista e sobrevivente do genocídio em Gaza. O evento também contará com intelectuais brasileiros e representantes da sociedade civil, buscando abordar a questão palestina sob diferentes perspectivas.

Os debates incluirão análises sobre o colonialismo israelense, o papel dos Estados Unidos na escalada da violência e as implicações da vitória de Donald Trump para a presidência dos EUA.

A preocupação com uma possível ampliação do conflito no Oriente Médio, envolvendo potências regionais e globais, será central nas discussões.

Outro tema crítico será a relação entre antissemitismo e antissionismo. Críticas às políticas anti-palestinas do Estado de Israel têm sido frequentemente equiparadas ao ódio contra judeus, criando uma falsa equivalência que busca silenciar vozes contrárias ao apartheid e às práticas de limpeza étnica.

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