Sob o comando do
governador Flávio Dino, PCdoB amplia de 5 para 46 prefeitos no Estado
O Estado de São Paulo
O Estado do Maranhão
terminou as eleições municipais deste ano mais “comunista” do que nunca. Por
influência do governador Flávio Dino, o PC do B pulou de 5 prefeitos eleitos em
2012 para 46 na disputa deste ano.
O número, longe de
transformar o Estado num reduto da revolução comunista no País, consagra Dino
como o único representante da esquerda brasileira que conseguiu um resultado
expressivo nas urnas nestas eleições e, principalmente, demonstra o
enfraquecimento do grupo político do ex-presidente José Sarney (PMDB).
Das 217 cidades, Dino
e seus aliados ganharam em 153 – cerca de 70% do total. Já o PMDB venceu em
apenas 22 municípios, contra os 48 prefeitos eleitos em 2012, quando o Estado
era governado pela filha do ex-presidente, Roseana Sarney.
Prova da força de
Dino na disputa eleitoral é o que aconteceu na região metropolitana de São
Luís. Dos oito municípios que compõem a Grande Ilha, quatro vão ser governados
pelos vermelhos.
Dois desses
municípios conquistados pelo PCdoB – Paço do Lumiar e Raposa – foram
historicamente governados por aliados do grupo Sarney e ainda possuem as marcas
desse tempo, seja pelas escolas que levam nomes do membros do clã ou as ruas
esburacadas.
Em Paço do Lumiar, o
candidato apoiado pelo PMDB, Gilberto Aroso (PRB), começou como favorito, mas
sofreu um revés nas urnas para Domingos Dutra (PCdoB), tradicional adversário
do grupo de Sarney no Estado. Enquanto Aroso nega ter sido apoiado pelos
Sarney, Dutra não esconde a satisfação de ter tido Dino ao seu lado durante a
campanha.
Em Raposa, outro
município limítrofe a São Luís, onde a família Sarney tem um ilha para chamar
de sua e passar o verão, a jovem Talita Laci (PCdoB), também apoiada pelo
governador, venceu aliados do grupo do peemedebista que estavam no poder desde
1994.
Críticas
Em comum entre os
eleitores desses dois municípios está a crítica ao desempenho das atuais
gestões e o desconhecimento sobre a ideologia do partido que abriga os futuros
prefeitos.
“Comunista é aquele
que não gosta de religiões?”, questiona a moradora de Paço do Lumiar Sharlene
Oliveira, de 30 anos, que votou no candidato apoiado por Dino.
“O PCdoB é aquele
partido que quer dominar o mundo através da força? Eles são autoritários, né?”,
questiona o pescador João do Carmo, de 49 anos, que é de Raposa e ajudou a
eleger a adversária do grupo Sarney.
Confusão
O presidente do PC do
B do Maranhão, Márcio Jerry, minimiza a confusão em relação à ideologia
defendida pelo partido e repete o mantra que Dino usou na campanha ao governo
de 2014, quando afirmava que a sua intenção não era transformar o Maranhão num
Estado comunista, mas, sim, realizar as conquistas capitalistas que não foram
feitas pela família Sarney.
“Nós precisamos sair
da idade média do patrimonialismo, da corrupção e do coronelismo, para ter uma
política arejada, com participação popular e transparência, e, principalmente,
com políticas públicas voltadas a melhorar os indicadores sociais do Maranhão”,
disse.
Para Jerry, o sucesso
do PCdoB nas urnas se deve aos bons resultados obtidos por Dino e à ampla
aliança feita no Estado, que engloba partidos que vão desde o PT até o PSDB. “O
que o PCdoB tem conseguido exercitar de maneira bem-sucedida é a capacidade de
um partido de esquerda de ter visão ampla, não ser sectário, ser democrático e
conseguir aglutinar pessoas, partidos e movimentos sociais em torno de
bandeiras concretas e comuns.”
Para ele, a “unidade
política” entre os 46 prefeitos eleitos pelo PCdoB no Estado não está no fato
de eles terem lido ou não o Manifesto Comunista escrito por Karl Marx e
Friedrich Engels, mas, sim, porque compartilham o objetivo de fazer mudanças
efetivas no Maranhão.