Melo fez
pronunciamento durante entrevista à CBN, nesta quarta-feira (4).
Comentário foi feito
após ONU pedir investigação 'imparcial' de massacre.
O governador do Amazonas, José Melo,
declarou durante entrevista à rádio CBN nesta quarta-feira (4) que "não
havia nenhum santo" entre os 56 mortos na rebelião de domingo (4). Foi
durante pergunta sobre a afirmação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes,
de que maior parte dos mortos não pertencia a facção criminosa.
Na terça-feira (3), em Manaus,
Alexandre de Moraes classificou como erro ligar as mortes e rebeliões
registradas no Amazonas somente às guerras entre facções. "Isso é um erro
que não podemos cometer, achar que, de uma forma simplista, que esse massacre e
essas rebeliões são simplesmente guerra entre facções. Aqui, os 56 mortos, mais
da metade não tinha ligação com nenhuma facção. Isso é algo que não vem sendo
divulgado, exatamente porque sempre é mais fácil uma explicação
simplista", disse o ministro em entrevista.
Durante entrevista à CBN, o governador
evitou rebater a afirmação do ministro, mas falou sobre os tipos de crimes que
os mortos eram condenados.
"Não posso fazer comentário sobre
o que o ministro falou. Só sei dizer que não tinha nenhum santo. Eram
estupradores, eram matadores que estavam lá dentro do sistema penitenciário e
pessoas ligadas a outra facção, que é minoria no estado do Amazonas e que foi
objeto disso", declarou.
O pronunciamento do governador ocorre
após o Alto Comissariado da ONU pedir que as mortes de detentos no Complexo
Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e da Unidade Prisional do Puraquequara
(UPP) , em Manaus, sejam investigadas de forma "imparcial e imediata"
e que os responsáveis sejam levados à justiça.
Na entrevista, Melo justificou a
superlotação nos presídios do estado. Ele diz que o atual governo já conseguiu
tirar de circulação duas toneladas de drogas e que dobrou a população
carcerária. Por conta disso, o governador informou que sugeriu ao
ministro da Justiça o uso das Forças Armadas no combate ao tráfico de drogas
nas fronteiras do país. Segundo ele, os estados poderiam participar de um fundo
que ajudaria nesse sentido. De acordo com ele, o ministro acolheu a ideia de
levar a sugestão ao presidente Michel Temer.
"Precisa haver união de todos,
inclusive das Forças Armadas, e o Brasil precisa ter consciência disso, para
que a gente possa dar um guarda-chuva de proteção ao país e não, simplesmente,
ficar colocando panos quentes. Uma tonelada de drogas na Colômbia tem um
sentido. Uma tonelada de droga em uma cidade como Manaus, Belém, São Luís e até
São Paulo, representa milhares de problemas para a segurança pública", disse.
Ministério da Defesa
Questionado sobre a proposta de um
fundo estadual para o Exército nas fronteiras, o ministro da Defesa Raul
Jungman disse à CBN que isso consumiria bilhões.
"Por que não usar o fundo estadual
para fortalecer sua polícia? Se é para financiar alguma coisa no plano federal,
por que não apoiar a Polícia Federal, que tem um papel nas fronteiras como as
Forças Armadas e a capacidade de atuar como polícia no combate às drogas?’,
questiona o ministro.
Para o ministro, manter um efetivo de
35 mil homens das Forças Armadas na Amazônia "terá um custo
espetacular".
Novos presídios
Na entrevista à CBN, o governador
voltou a falar sobre a construção de três novos presídios no estado. A previsão
é que as cidades de Parintins e Macacapuru recebam as construções. Uma
penitenciária agrícola próxima à Manaus deve ser inaugurada em um ano e meio.
"Não tem nada a ver com esse fato.
Eu falei isso desde a minha campanha. Inicio a construção de uma penitenciária
agrícola para 3,6 mil vagas por que eu quero tirar de dentro dos presídios
aquelas pessoas que praticaram desatinos, crimes menores e, hoje, estão junto
com os traficantes numa verdadeira escola do crime. Daqui a um ano e meio nós
teremos a nossa penitenciária agrícola funcionando e aí nós vamos separar o
joio do trigo dentro das penitenciárias", afirmou.