Jornalismo com seriedade: Deu no O Globo: Edinho Lobão usa discurso terrorista sobre comunismo para assustar eleitores

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Deu no O Globo: Edinho Lobão usa discurso terrorista sobre comunismo para assustar eleitores

Deu no O Globo: Edinho Lobão usa discurso terrorista sobre comunismo para assustar eleitores


É urgente que nestas eleições possamos separar o jóio do trigo, principalmente de candidatos que usam de ataques terroristas para espalhar o terror pelo Maranhão.
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Do O Globo
BRASÍLIA — A queda do Muro de Berlim, que ajudou a acabar com a separação do mundo entre capitalistas e comunistas, completa, em 2014, 25 anos. Mas, no Maranhão, a divisão está sendo reerguida pelo candidato ao governo, Edison Lobão Filho (PMDB), numa tentativa de fazer os eleitores acreditarem que seu adversário, Flávio Dino (PCdoB), irá transformar o Maranhão num estado comunista, impedindo as pessoas de exercerem sua fé e pondo fim a toda liberdade individual. De acordo com pesquisa Ibope divulgada sábado passado, Dino tem 42% das intenções de votos, enquanto Lobão Filho atinge 30%.
LIBERDADE AMEAÇADA
O ataque contra o comunista Dino começou numa série especial de reportagem da TV Difusora, de propriedade da família de Lobão. Durante cinco programas de pouco mais de cinco minutos, um narrador diz “como o comunismo destrói a sociedade e como é pernicioso para as liberdades individuais”. Um dos entrevistados é um defensor público que esteve em Cuba há dois anos e atesta que, lá, um físico trabalha como camareiro em um hotel porque, desta forma, ganha mais. Professores de história também dão sua visão sobre o comunismo, criticando-o. A certa altura, o narrador afirma:
— A liberdade de expressão não existe no regime comunista.
Após exibir o especial, a mesma TV levou ao ar um “furo de reportagem” poucos dias depois. O repórter Ozias Pânfilo, cujo filho foi candidato a vereador pelo PSC na eleição passada, em Imperatriz, entrevista uma jovem não identificada, que se apresenta como secretária e evangélica, e conta que ela e amigos foram surpreendidos numa madrugada, em um acampamento, depois de uma noite de louvor a Deus, por “um grupo de esquerda” que teria perguntado quem votava em “Lobinho”, apelido de Lobão Filho.
— Eles chegaram aterrorizando e perguntando quem votaria no Lobinho, era assim que eles falavam — atestou.
Os “esquerdistas” não levaram nada e teriam dado quatro tiros para o alto para intimidar.
— Os autores não levaram nada e usaram uma das principais características do comunismo: a coação — narra o repórter.
O jornalista procurou então o advogado da coligação de Lobão Filho. A mesma reportagem também diz que os banners do comitê do candidato do PMDB teriam sido destruídos por pessoas ligadas “aos comunistas”, e que câmeras do circuito interno de uma lanchonete teriam gravado os baderneiros, embora as cenas exibidas na matéria não permitam esse tipo de afirmação.
O repórter também informa que a polícia irá ouvir o testemunho dos evangélicos para saber das características dos agressores e compará-los com os supostos destruidores do comitê de Lobão Filho. No entanto, a secretária que deu entrevista disse que todos os evangélicos estavam dentro das barracas e não viram ninguém.
Na sexta-feira passada, a juíza auxiliar eleitoral Maria José França Ribeiro, da Comissão de Juízes Auxiliares do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão, analisou um pedido de resposta da coligação que apoia Flávio Dino. Ela solicitou espaço na propaganda de Lobão Filho por conta da afirmação de que “está nas mãos de cada um de nós evitar que o Maranhão se torne o primeiro estado comunista do Brasil e mostrar que a fé na democracia e no nosso povo é a nossa resistência”.
No seu parecer, a juíza atestou que “num cenário desses, a imensa maioria do eleitorado é formada por analfabetos, sejam eles absolutos ou funcionais. Por certo, por desconhecer que a Constituição estabelece limites ao poder do governador, que de maneira alguma poderá impor alterações isoladas na forma, sistema ou regime de governo, menos ainda atentar contra os princípios democráticos que representam a pedra angular de nossa Carta Magna, a matéria impugnada é sabidamente inverídica na forma como foi colocada”.
A assessoria de Flávio Dino informou que ele é católico.