Vejam
só. Se Aécio fosse honesto e em meio a uma crise de remorso tivesse confessado
que aqueles 2 milhões que recebeu dentro de malas do seu amigo Joesley Batista
na verdade era contrapartida por serviços que ele tinha prestado à JBS no
escurinho da administração pública e pedisse perdão por seus pecados, hoje
seria um proscrito, alijado da vida pública, execrado pelos políticos e pela
população, um pária que ninguém quereria ter por perto.
Mas, como ele não é, disse que aquilo era apenas um empréstimo pessoal, sem
nenhuma conotação política e, apoiado em um acordo espúrio com o PMDB – “eu
ajudo vocês na Câmara e vocês me ajudam no Senado” – não foi interpelado pelos
colegas sob suspeita de quebrar o decoro parlamentar, vai retomar a presidência
do PSDB depois de ter ajudado a salvar Temer e vai continuar fazendo o de
sempre: garimpando cargos e benesses para os seus e – pasmem – influindo como
importante eleitor na corrida de 2018.
Se Temer fosse honesto e tivesse admitido que fazia negócios frequentemente com
Joesley Batista e que escalou Rocha Loures para pegar a mala da primeira
parcela de sua “aposentadoria” porque Geddel e Padilha já estavam
queimados e pedisse perdão, hoje seria mais morto-vivo do que já é, escorraçado
pela classe política, pendurado nos postes da moralidade pública e riscado de
vez do vocabulário.
Mas, como ele não é, decidiu usar verbas públicas – ou seja, o dinheiro de
todos os brasileiros e não dele – para comprar as consciências dos deputados,
mandando, mais uma vez, às favas os escrúpulos, o plano deu certo porque era
isso o que os deputados corruptos (mais de 250, maioria, portanto) queriam e
agora ele está posando de estadista, incensado pelos que votaram nele como o
homem do século e vai continuar a fazer o que sempre fez, a política anti-povo,
com o apoio desses mesmos deputados, turbinado por mais dinheiro de todos os
brasileiros que será colocado à disposição deles até 2018.