Jornalismo com seriedade

sábado, 2 de julho de 2011

BRASIL ESTA DE LUTO, MORRE ITAMAR FRANCO
Em 25 meses no poder, Itamar contribuiu de maneira inesquecível para o anedotário político, ou advogando o relançamento de um carro ultrapassado, o Fusca, ou se transformando no único chefe de estado do mundo fotografado em público ao lado de uma mulher sem calcinha. Mas, para retomar o poema de Drummond, o anjo que o protegia, mesmo que torto, era anjo.
E fez com que, por justiça, seja preciso atribuir a esse improvável presidente viúvo e namorador muitos dos méritos da fundação do Brasil atual, de economia estável e democracia consolidada. Da coragem e da necessidade de suas decisões nasceram as bases para o sucesso de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma.

Parte de um governo que desmoronou por causa da corrupção, Itamar Franco pôde cumprir o papel que a constituição lhe atribuía e assumir a presidência porque os escândalos da “república de Alagoas” jamais respingaram sobre ele.
Empossado, conseguiu devolver à normalidade um país mergulhado na insegurança e ainda sobressaltado pela memória recente do regime militar, articulando um governo de coalizão com as principais forças partidárias. Itamar não transigiu nas questões éticas.
Em 1993, demitiu seu amigo, braço-direito e ministro da Casa Civil, Henrique  por causa de uma suspeita de corrupção na confecção do orçamento. Inocentado,  foi reconduzido à pasta três meses depois. Essa lição nunca foi repetida.

Em 1995, ao deixar Brasília, dois dias depois da posse de Fernando Henrique, seu ministro da Fazenda, declarou-se satisfeito: “Combati o bom combate e guardei a minha fé. Cumprimos o nosso dever. Saio orgulhoso de ter tido uma transmissão que o país há muitos anos não assistia: fraterna, amiga e, sobretudo, democrática”. Desde a República Velha um presidente não elegia o sucessor.

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