Jornalismo com seriedade: Há 62 anos suicidava-se Getúlio Vargas contra o golpe de Estado. A História se repete?

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Há 62 anos suicidava-se Getúlio Vargas contra o golpe de Estado. A História se repete?

A partir dessa tragédia e comoção, o povo brasileiro acordou para o golpe contra a democracia e tomou o udenismo — derivativo da UDN — como símbolo do “falso moralismo” no combate à corrupção.
A presidente eleita Dilma Rousseff fez analogia ontem (23) à noite, em São Paulo, ao drama vivido por Vargas há seis décadas.
“Não fui obrigada a me suicidar, não fui obrigada a pegar um avião para ir para o Uruguai, porque temos uma democracia que construímos. Minha presença [no Senado] é muito incômoda, extremamente incômoda”, discursou em ato promovido pela Frente Brasil Popular.
De fato Dilma não precisa ir ao extremo contra a própria vida, pois vivemos numa democracia embora jovem de 27 anos. Amanhã (25), ela [a democracia] será submetida a um teste no Senado.
Em suma: o impeachment é uma farsa.

Para não dizer que a História não se repete, eis a carta-testamento de Getúlio Vargas após o suicídio:
Carta testamento

Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.