As declarações do senador João Aberto
(PMDB) provocando a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) no sentido de que ela
saia da zona de conforto em que se encontra e se prepare para enfrentar o
governador Flávio Dino (PCdoB) na corrida para o Governo do Estado em 2018
funcionou como uma senha para avisar que o Grupo Sarney não está morto e que
começa a se recuperar do coma com que saiu das urnas em 2014. Segundo o sempre
bem informado blog do jornalista Marco D`Eça, mesmo admitindo que o grupo só
tem a ex-governadora com cacife político e eleitoral suficiente para enfrentar
o governador, João Alberto falou em tom otimista, argumentando que ela tem
capilaridade política e eleitoral em todos os recantos do Maranhão. Raposa
política tarimbada, o ativo comandante do PMDB no estado faz também, nas suas
declarações, uma clara provocação ao governador ao dizer que a ex-governadora é
“é o único nome com força para barrar Flávio Dino”.
Independente da circunstância em que
João Alberto deu tais declarações, o fato evidente é que elas têm dois
objetivos bem claros. O primeiro é exatamente mandar um recado direto ao
governador Flávio Dino e ao grupo partidário que o cerca que os seus
contrapontos na política do Maranhão são a ex-governadora Roseana Sarney e o
PMDB. E o segundo é dizer que o Grupo Sarney não pretende ficar de braços
cruzados quando o processo político e partidário que desembocará nas urnas de
2018 já está em pleno andamento.
João Alberto avança na provocação
avaliando, à sua maneira direta, que a população não se deixou seduzir
inteiramente pelo projeto de governo e de poder de Flávio Dino e espera uma
liderança capaz de fazer o contraponto nas próximas eleições. Tal liderança,
para ele, é a ex-governadora Roseana Sarney. E argumenta: “Roseana é o único
nome com força para barrar Flávio Dino em 2018. Ela tem o carisma que Dino não
tem; e é conhecida eleitoralmente em cada canto deste Maranhão”. E arremata com
o tom de tiozão dando-lhe um leve puxão de orelha: “Ela só precisa deixar a
zona de conforto e encarar o contraponto ao projeto comunista”.
O presidente do PMDB maranhense
reforçou seus provocadores petardos verbais dirigidos ao governador Flávio Dino
avaliando que ele e seu grupo fracassaram nas eleições municipais apesar dos
impressionantes 46 prefeitos eleitos pelo PCdoB, quase metade dos eleitos pelo
partido em todo o país. O senador justifica o que entende ser o fracasso do
atual Governo: “Tenho feito política semanalmente no Maranhão. E converso com
lideranças de todo o Maranhão. Há um caminho aberto que precisa ser ocupado”.
Ou seja, políticos tradicionais não estariam nada satisfeitos com a quebra de
paradigma que tem sido a gestão de Flávio Dino, defendido por seus porta-vozes
nos cenários estadual nacional como moderna e inovadora.
O fato é que a provocação à Roseana
Sarne y e a Flávio Dino foi feita pelo senador João Alberto como uma marcação
de terreno numa guerra política que está começando e que ao longo dos 22 meses
que restam certamente produzirá situações surpreendentes, como, por exemplo,
uma eventual candidatura da ex-governadora ao Palácio dos Leões. Ou uma
candidatura do governador ao Senado. E pode-se ler também nas entrelinhas das
declarações do senador João Alberto que ele próprio é também candidatíssimo ao
Governo caso Roseana Sarney resolva permanecer em casa ou disputar o Senado.
O fato é que dificilmente o senador
João Alberto diria o que disse sem ter por motivo um plano de repercussão
imediata. Até porque o que está acontecendo é exatamente o fortalecimento
político do governador Flávio Dino dentro e fora do Maranhão.