Nome de Lobão está entre os políticos com paraísos fiscais
Divulgada, neste final de
semana, uma investigação jornalística mundial sobre a Mossack Fonseca – empresa
do Panamá que se dedica à abertura de offshores no exterior – que revela uma
ampla listagem de políticos e outras personalidades públicas que mantêm seu
dinheiro (de maneira ilegal ou lícita) em paraísos fiscais.
Aparecem entre os envolvidos
nos chamados “papéis do Panamá” os nomes do presidente da Câmara de Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do usineiro e ex-deputado federal João Lyra (PTB-AL) e
do ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). A força-tarefa da
Lava Jato investigou o escritório brasileiro por conta da suspeita de que a
Mossack estivesse ajudando o ex-presidente Lula a ocultar a verdadeira
propriedade do tríplex do Guarujá. Mas seu nome não apareceu entre os clientes
da empresa panamenha até o momento.
A reportagem, uma iniciativa
do Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, com a participação de
veículos de mídia brasileiros, contém mais de 11 milhões de documentos de cerca
de 200.000 offshores ligadas a pessoas de uns 200 países. Entre eles, está o
Brasil, cujas investigações sobre o esquema de corrupção da Petrobras
contribuíram com o vazamento de dados confidenciais da Mossack Fonseca – já que
o escritório brasileiro da empresa foi alvo da 22a fase (Triplo X) da Operação
Lava Jato.
Ao menos 57 brasileiros já
relacionados à investigação da Polícia Federal aparecem nos documentos, ligados
a mais de cem offshores criadas em paraísos fiscais. Duas delas, por exemplo,
foram criadas pela Mossack para Luiz Eduardo da Rocha Soares e Olívio Rodrigues
Dutra, acusados de operar contas secretas da empreiteira Odebrecht. Há ainda
nomes desconhecidos dos investigadores brasileiros, que deverão somar-se ao
processo capitaneado por Sérgio Moro no Ministério Público do Paraná.
Por meio de sua assessoria,
Eduardo Cunha negou ser proprietário de qualquer empresa offshore. “O
presidente Eduardo Cunha desmente, com veemência, estas informações. O
presidente não conhece esta pessoa [David Muino, intermediário de uma companhia
que se chama Stingdale Holdings Inc] e desafia qualquer um a provar que tem
relação com companhia offshore”.
A mais ampla reportagem
global sobre empresas em paraísos fiscais, conduzida por 109 veículos jornalísticos
em 76 países, teve início quando uma fonte forneceu os documentos ao jornal
alemão Süddeutsche Zeitung. No Brasil, participam da investigação o jornal
Estado de S.Paulo, o UOL e a Rede TV.