Senador é acusado de
utilizar dinheiro de uma empreiteira para pagar pensão alimentícia
O Globo
BRASÍLIA – O ministro
Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para o julgamento em
plenário a denúncia que a Procuradoria Geral da República fez contra o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por falsidade ideológica, uso
de documento falso e peculato. O inquérito está sob sigilo e apura se a
empreiteira Mendes Junior pagou pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso,
com quem o parlamentar tem uma filha.
Ainda não há data
marcada para o julgamento e é pouco provável que ele ocorra em outubro, porque
a presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia, já definiu a pauta até o fim
do mês. Se o plenário acolher a denúncia contra Renan, o que é a hipótese mais
provável, ele será transformado em réu. Além desse, o senador responde a outros
dez inquéritos no STF, sendo sete na Operação Lava-Jato.
O caso que será
julgado em plenário veio à tona em 2007 e, na época, levou à renúncia de Renan
da presidência do Senado. As investigações feitas até agora revelaram que o
parlamentar não tinha dinheiro suficiente para pagar a pensão que Mônica Veloso
recebia.
Segundo a denúncia,
Renan apresentou documentos falsos para comprovar que tinha condições de arcar
com a despesa. Mas as quebras de sigilo bancário mostraram o contrário. A
pensão era de R$ 16,5 mil. Mas os peritos da PF destacaram que, em 2002, o
denunciado e seus dependentes tiveram renda anual de R$ 27,9 mil, ou R$ 2,3 mil
mensais. Em 2004, a renda anual teria sido de R$ 102,2 mil, ou R$ 8,5 mil
mensais.
A Polícia Federal
elaborou laudos em 2009 e em 2010 comprovando que os rendimentos de Renan eram
incompatíveis com os depósitos que realizou em favor da jornalista. “O
investigado não apresentou, com base nos documentos analisados, capacidade
financeira que permitisse efetuar, em determinados períodos, os pagamentos em
favor de Mônica Canto Freitas Veloso”, concluiu a PF.
Se Renan for
transformado em réu, ele corre o risco de ser impedido de permanecer na linha
sucessória da Presidência da República. Pela Constituição Federal, na ausência
do presidente da República, assume a cadeira o vice. Na sequência, os
substitutos são o presidente da Câmara, o do Senado e o do STF. A Rede questionou
a validade da linha sucessória para autoridades que respondem a ação penal, mas
a questão ainda não foi julgada pelo tribunal.