O Maranhão passou praticamente 50 anos sob o
controle da família Sarney. Isso começou a mudar com a eleição do governador
Flávio Dino em 2014. Filiado ao PCdoB, o político costurou uma aliança
heterodoxa, que une “comunistas” e tucanos, e conseguiu impor uma derrota
histórica aos tradicionais mandantes do Estado. Agora, nas eleições municipais,
Dino e seus parceiros avançaram também sobre as prefeituras.
O PMDB, partido do ex-presidente José Sarney,
elegeu apenas 22 prefeitos. Trata-se de menos da metade do que havia conseguido
na eleição municipal passada, em 2012. O PV, partido do ministro do Meio
Ambiente, Sarney Filho, teve o número de prefeituras reduzidos a ⅓ de quatro
anos atrás.
A decadência dos Sarney vem acompanhada com a
ampliação da influência do grupo de Dino. O PCdoB passou de 5 prefeituras
conquistas em 2012 para 47 neste ano de 2016. Os partidos aliados do
governador, como PSDB e PDT, também conquistaram muito mais prefeituras agora
do que quatro anos atrás.
Divisão em São Luís e favoritismo de Dino
Na capital, única cidade do Maranhão que ainda não
definiu a eleição, o segundo turno não terá candidatos ligados à família
Sarney. O grupo que sustentava os governos sarneyzistas se fragmentou antes da
disputa na capital.
O PMDB, partido do ex-presidente da República,
lançou Fábio Câmara, que teve 3,6% dos votos e ficou em quinto lugar. O
ministro Sarney Filho apoiou Eliziane Gama (PPS), quarta colocada com 6%.
O mais bem colocado entre os que receberam apoio de
antigos membros da base de Sarney foi Wellington do Curso, que recebeu apoio da
parte do PV ligada ao ex-presidente do Tribunal de Contas do Maranhão Ronald
Sarney. Ele conseguiu 19,8% do eleitorado e ficou de fora do segundo turno por
oito mil votos.
A divisão facilitou o trabalho do candidato apoiado
por Flávio Dino, o atual prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT). O adversário
de Holanda, Eduardo Braide (PMN), é uma surpresa que arrancou na reta final e
desbancou os candidatos apoiados pelos aliados de Sarney.