Jornalismo com seriedade

segunda-feira, 31 de julho de 2017

“IMPEACHMENT DE DILMA NÃO FEZ BEM AO PAÍS”


Mais de um ano após o golpe contra Dilma Rousseff, o deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA) voltou a criticar o afastamento definitivo da petista; “O tempo mostrou que eu estava certo quando tentei anular a cassação de Dilma. Hoje o Brasil está bem pior. O impeachment dela não fez bem ao país. É só comparar como estava a nação antes e agora depois da cassação”, disse; tanto o MP como a perícia do Senado inocentaram Dilma; Já Michel Temer tem a menor popularidade desde a redemocratização; sobre 2018, o parlamentar reforçou sua intenção em disputar o Senado; “Acredito que o grupo do governador Flávio Dino deverá fazer as duas vagas para o senado e não vejo hoje nenhum nome preferido dele, por esta razão vou perseguir essa chance”
Não é ensaio com objetivos terceiros ou qualquer outra intenção que não seja disputar uma vaga para o senado nas eleições do próximo ano a pré-candidatura de senador do deputado federal Waldir Maranhão, do PP. Foi o que ele garantiu.  Em Timon nesta quinta-feira (27) o deputado se se encontrou com amigos e reforçou sua intenção de disputar uma das vagas para o senado no próximo ano.
Reitor da Universidade Estadual do Maranhão por duas vezes. deputado federal pelo terceiro mandato, Waldir Maranhão foi o político maranhense e do país que mais sacrifício pessoal fez em defesa da presidente Dilma Roussef, quando tentou anular o Impeachment da petista. “O tempo mostrou que eu estava certo quando tentei anular a cassação de Dilma. Hoje o Brasil está bem pior. O impeachment dela não fez bem ao país. É só comparar como estava a nação antes e agora depois da cassação”, disse o congressista ao Elias Lacerda.
Tanto o Ministério Público (MPDFT) quando uma perícia do Senado inocentaram Dilma Rousseff, em 2016. No mês de julho do ano passado, o procurador da República Ivan Cláudio Marx, responsável pelo caso aberto no MP do Distrito Federal, pediu arquivamento do inquérito nesta quinta-feira 14, depois de ter pedido, na última sexta-feira, arquivamento de um caso semelhante relacionado ao BNDES. Esua decisão, Marx levantou suspeitas sobre "eventuais objetivos eleitorais" com as "pedaladas" e afirmou que o caso "talvez represente o passo final na infeliz transformação do denominado 'jeitinho brasileiro' em 'criatividade maquiavélica'".
No caso da perícia do Senado, três técnicos da Casa assinaram um documento apontando que não houve ação de Dilma no atraso do repasse de R$ 3,5 bilhões do Tesouro ao Banco do Brasil para o Plano Safra, uma das acusações que constam no pedido de impeachment contra a presidente. "Pela análise dos dados, dos documentos e das informações relativos ao Plano Safra, não foi identificado ato comissivo da Exma. Sra. Presidente da República que tenha contribuído direta ou imediatamente para que ocorressem os atrasos nos pagamentos", diz trecho do laudo.
Pesquisa Ibope, divulgada nesta quinta-feira (27), apontou que apenas 5% dos brasileiros aprovam o governo Michel Temer, a pior popularidade desde redemocratização. O percentual (ótimo/bom) de 5% é tecnicamente empatado com os 7% apurados em junho e julho de 1989, no governo do então presidente José Sarney. 
Senado
O parlamentar do PP contou que muitos da imprensa não lhe tem levado a sério no seu projeto de pré-candidatura ao senado, entretanto ele ressalta que tem trabalhado diuturnamente na busca de viabilização desse projeto para 2018. Waldir Maranhão afirmou que, estrategicamente, tem evitado divulgar quais lideranças lhe tem manifestado apoio, pois sabe que assim agindo estaria despertaria a cobiça de concorrentes.
Ainda filiado ao PP, o parlamentar revelou que não deverá ficar no partido. Disse que em momento oportuno deixará a sigla para se filiar a outro partido onde já recebeu garantias para sua candidatura ao senado.
Reforçando que só tem um lado para as eleições do próximo ano, o do projeto de reeleição do governador Flávio Dino, Waldir Maranhão esteve ontem em Codó onde visitou o prefeito Francisco Nagib, ex-prefeito Zito Rolim, e talvez tenha sido a única liderança política de expressão aliada de Dino que visitou também o ex-prefeito Biné Figueiredo.
“Durante esse recesso parlamentar não parei um dia sequer. Vou continuar buscando minha candidatura ao senado. Acredito que o grupo do governador Flávio Dino deverá fazer as duas vagas para o senado e não vejo hoje nenhum nome preferido dele, por esta razão vou perseguir essa chance. Daqui de Timon agora vou a São Luis, mas antes de chegar lá passarei por diversas outras cidades mantendo conversas com forças políticas amigas para apresentação de meus propósitos com uma candidatura ao senado”, informou o deputado antes de viajar.


CÂMARA AMEAÇA SALVAR A PELE DE UM GOVERNO REJEITADO PELO POVO


Para emplacar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a oposição usava o discurso da "impopularidade" para justificar golpe. Agora, diferentemente da rejeição de Dilma, que foi insuflada pela grande mídia - principalmente pela Rede Globo -, o governo ilegítimo de Michel Temer bate recorde de reprovação dos institutos de pesquisa, é denunciado por crime de corrupção passiva e com uma base aliada dividida, ele se mantém no poder; leia reportagem de Dayane Santos, no portal Vermelho
Pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) constata 70% dos brasileiros consideram o governo Temer ruim ou péssimo. Já o levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas, divulgado nesta sexta-feira (28), mostra que o governo de Michel Temer é reprovado por 86,1% da população.

Além disso, 79,1% dos brasileiros consideram o governo de Temer ruim ou péssimo, enquanto que apenas 4,6% o classificam como ótimo ou bom.

Para deputados, cientistas políticos e economistas, Temer só se mantém no poder por meio de manobras e compra de votos em troca de verbas, mais conhecido como toma lá, dá cá. De acordo com a líder do PCdoB na Câmara, a deputada Alice Portugal (BA), essa situação contraditória e de indiferença do Congresso Nacional com o recado de reprovação das ruas tem origem no golpe contra o mandato de Dilma.

"O descompasso tem um pecado original. O Temer não foi votado. Ele compunha uma chapa de aliança de centro-esquerda, no entanto, nunca teve sufrágio popular à sua figura. Além de ser fruto de um impeachment fraudulento, ele implementa um programa de governo que também não foi aprovado nas urnas, pelo contrário, foi o programa derrotado do candidato Aécio Neves", enfatizou a deputada comunista, destacando que esse programa inclui privatizações, quebra d soberania, de reformas ultraliberais e a posição de submissão ao capital rentista.

"Temer implementa um projeto derrotado nas urnas e por isso mesmo fala com todas as letras que ele não tem compromisso ou preocupação com popularidade. Construiu uma maioria no Congresso na base do toma lá, dá cá que adotam medidas que vão na contramão do povo e do país", frisou a parlamentar..

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA)também concorda que a a maioria que compõe a base do governo demonstra "que não tem nenhuma sensibilidade para as demandas populares".

"Não tem vínculo com o povo", salienta o deputado, destacando que ao ignorar a rejeição de Temer, o Congresso revela ser "predominantemente conservador e de interesses mesquinhos".


"Tenho dúvidas até quando essa base vai se sustentar, porque a pressão da rua vai aumentando e cada vez mais deputados vinculados a essa agenda do governo vão fincando com dificuldades de circular nas ruas", declarou Daniel Almeida. Segundo ele, a votação da denuncia contra Temer por corrupção passiva, mercada para o dia 2 de agosto, vai revelar esse distanciamento, e como o procurador-geral, Rodrigo Janot, já disse que haverá outras denúncias, a distância deve aumentar o isolamento de Temer.

SOB TEMER, 76% DOS HOSPITAIS NÃO TÊM CONDIÇÕES DE ATENDER PACIENTES COM AVC

Agência Brasil
Pesquisa do Conselho Federal de Medicina (CFM) com 501 médicos que trabalham em serviços de urgência e emergência de unidades de saúde pública de todo o país indica que 76% dos hospitais não apresentam condições adequadas para atender casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC); apenas 3% dos serviços avaliados pelos médicos têm estrutura classificada como muito adequada e 21% como adequada; o AVC ocupa o segundo lugar no ranking de enfermidades que mais matam no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares
Agência Brasil - Uma pesquisa do Conselho Federal de Medicina (CFM) com médicos neurologistas e neurocirurgiões de todo o Brasil indica que 76% dos hospitais públicos onde eles trabalham não apresentam condições adequadas para atender casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Apenas 3% dos serviços avaliados pelos médicos têm estrutura classificada como muito adequada e 21% como adequada, de acordo com estudo divulgado hoje (31).
O CFM ouviu 501 médicos que trabalham em serviços de urgência e emergência de unidades de saúde pública de todo o país. Eles responderam a um questionário sobre a situação do atendimento a pacientes com AVC, considerando critérios como o acesso exames de imagem em até 15 minutos, disponibilidade de leitos e medicamentos específicos, triagem dos pacientes identificados com AVC de forma imediata, capacidade numérica e técnica da equipe médica especializada e  qualidade das instalações disponíveis, entre outros pontos baseados em parâmetros internacionais e nacionais de atendimento ao AVC.
A percepção da maior parte dos médicos entrevistados aponta que as unidades públicas de saúde nem sempre estão preparadas para receber de forma adequada um paciente com sintomas do AVC, apesar de ser uma doença grave que está entre as principais causas de morte em todo o mundo.
“Nós fomos atrás dessa percepção em virtude do Acidente Vascular Cerebral ser a segunda principal causa de morte no Brasil, um dado epidemiológico. E é a principal causa de incapacidade no mundo e no Brasil, gerando inúmeras internações”, disse Hideraldo Cabeça, neurologista responsável pela pesquisa e coordenador da Câmara Técnica de Neurologia e Neurocirurgia do CFM.
Infraestrutura de atendimento é inadequada
Segundo a pesquisa, a infraestrutura de atendimento a casols de  AVC é inadequada em 37% dos serviços e pouco adequada em 39%, totalizando 76% de serviços que não se enquadram totalmente nos protocolos de atenção ao AVC estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Entre os itens essenciais que não estão disponíveis em mais da metade das unidades de saúde figura a tomografia em até 15 minutos e o acesso ao medicamento trombolítico, usado para dissolver o sangue coagulado nas veias do cérebro.

PADILHA DESPREZA TUCANOS E DIZ QUE DÁ PARA GOVERNAR SEM O PSDB

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil e um dos homens de confiança de Michel Temer, afirmou que é "perfeitamente possível" governar sem os tucanos na base aliada; em entrevista nesta segunda, Padilha mandou ainda um recado aos deputados de partidos aliados que são a favor da denúncia contra Michel Temer e possuem indicados em cargos da administração federal: "Quem não quer ser aliado vota contra. Aí, o governo, ao exonerar (esses indicados), não faz mais do que corresponder a esse desejo de não pertencer à administração"
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirma que o Palácio do Planalto deseja a permanência do PSDB na base aliada, mas que é "perfeitamente possível" governar sem os tucanos.
O ministro diz que o governo está pronto para votar a denúncia por corrupção contra Michel Temer nesta quarta (2) na Câmara, mas reafirmou que cabe à oposição colocar o quorum necessário para a votação ocorrer.
Ele manda um recado aos deputados de partidos aliados que são a favor da denúncia e possuem indicados em cargos da administração federal: "Quem não quer ser aliado vota contra. Aí, o governo, ao exonerar (esses indicados), não faz mais do que corresponder a esse desejo de não pertencer à administração".
Alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, Padilha diz ainda estar preparado para possível denúncia contra ele. Afirma não conhecer o operador financeiro Lúcio Funaro e minimiza preocupação com possível delação dele e do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

"A paciência [com o PSDB] é, por enquanto, ilimitada. Nós temos de ter paciência para compreender nossos aliados e as suas circunstâncias, fazendo com que eles consigam cada vez mais aprimorar o apoio ao governo."

Silêncio da rua contra Temer não é condescendência, mas perda de fé no país


Por Leonardo Sakamoto

O governo Temer comemora que as ruas não estejam coalhadas de gente pedindo sua cabeça, tal qual ocorreu com Dilma Rousseff. De forma cínica, seus apoiadores afirmam que isso é uma prova de que a população entende que ele tem agido corretamente para tirar o país da crise e confiam em sua honestidade. 

Ao mesmo tempo, uma pesquisa CNI/Ibope aponta que Temer, com seus 5% de aprovação, conseguiu a proeza de estar abaixo dos pisos atingidos por Collor (12%), Dilma (9%) e até Sarney (7%).

O silêncio na rua, quebrado aqui e ali por manifestações ligadas a movimentos e sindicatos, não significa que a insatisfação não esteja no ar. Mas que há uma sensação de desalento generalizado.

Quem apoiou a saída de Dilma, seja por conta das denúncias de corrupção em seu governo ou pelo desgosto com a grave situação econômica que ele ajudou a construir, agora sente desalento ao perceber que saiu da frigideira para cair direto no fogo. Talvez haja felicidade entre quem professa o antipetismo pelo antipetismo, mas este texto não trata de patologias.

Quem não apoiou e protestou contra, sente impotência diante da profusão de denúncias de corrupção decorrentes do fisiologismo a céu aberto do atual governo e sua relação incestuosa com o Congresso Nacional. E com a aprovação de uma agenda de desmonte da proteção social, trabalhista e ambiental, que não foi chancelada pela população através de eleições.

Quem não foi às ruas nem para apoiar a queda de Dilma, nem para defendê-la, grupo que representa a maioria da população, e assistiu bestializado pela TV ao impeachment, segue onde sempre esteve: sentindo que o país não lhe pertence. Entende que as coisas vão piorando e, quando bandidos não retiram o pouco que eles têm, o Estado faz isso. Seja roubando suas aposentadorias, seja violentando-os nas periferias de todo o país.

A falta de gente nas ruas é um sinal que diz mais sobre o sentimento geral do país do que sobre a capacidade de engajamento de movimentos contrários ao atual governo. Mesmo que contasse com o apoio do poder econômico, que financiou e divulgou manifestações pró-impeachment, a rua não atrairia tanta gente. E não apenas porque o momento catártico passou e agora a população, cansada, se retraiu. Mas porque, para muita gente, simplesmente não vale a pena.

A manutenção de um governo cuja legitimidade, honestidade e competência são questionados seria suficiente para levar o país às ruas. Contudo, a sensação é de que boa parte da população, aturdida com tudo o que foi descrito acima, está deixando de acreditar na coletividade e buscando construir sua vida tirando o Estado da equação. O que deixa o Estado livre para continuar servindo à velha política e a uma parte do poder econômico.

O Brasil está cozinhando sua insatisfação em desalento, impotência, desgosto e cinismo. Isso não estoura em manifestações com milhões nas ruas, mas gera uma bomba-relógio que vai explodir invariavelmente em algum momento, ferindo de morte a democracia.

Quando o impeachment foi aprovado, um dos receios era o esgarçamento institucional que a retirada de uma presidente eleita pelo voto popular por um motivo frágil (pedaladas fiscais) em vez de um caminho mais sólido (cassação da chapa por caixa 2) poderia causar. Infelizmente, o esgarçamento aconteceu.

Vivemos um momento em que a sensação é de desrespeito a regras e normas, principalmente por parte do governo e de parlamentares, é amplo.

Deixar de confiar na política como arena para a solução dos problemas cotidianos é equivalente a abandonar o diálogo visando à construção coletiva.

Caídas em descrença, instituições levam décadas para se reerguer – quando conseguem. No meio desse vácuo, vai surgindo a oportunidade para semoventes que se consideram acima das leis se apresentarem como a saída para os nossos problemas. Pessoas que prometerão ser uma luz na escuridão, mas nos guiará para direto para as trevas.

Ou seja, talvez o tempo da indignação já tenha passado para muita gente. E, por não ter produzido frutos, abriu caminho para a desconstrução daquilo que três décadas de democracia ergueram por aqui.

É triste, mas talvez o principal legado do governo Temer será um não-país.