A violência nossa de cada dia. A matriz do problema são as drogas (Parte I)
Violência que não cessa. E não irá cessar enquanto a matriz do problema não for enfrentada com coragem: as drogas!
O pior é que a indústria das drogas interessa e sustenta muitos setores importantes da sociedade, tais como: políticos, policiais, magistrados, empresários, membros do Ministério Público e por aí vai.
Este assunto, violência/drogas, não foi suficientemente debatido na campanha presidencial desde ano, infelizmente.
Por incrível que possa parecer, temas menos relevantes ganharam mais atenção por parte dos candidatos do as propostas para combater a violência e o tráfico de narcóticos.
A brutal violência que tem assustado, e com razão, a população de São Luis, é reflexo da também brutal presença das drogas nas nossas comunidades.
Associado a isso, pesa ainda a incompetência dos governos instalada praticamente nos três níveis: municipal, estadual e federal, cada qual com suas (ir)responsabilidades.
A partir de hoje, o Blog do Robert Lobato publica uma série de artigos que visam fazer os leitores entenderam o que está pro trás dessa onda de violência que tem tomado contra da nossa cidade, estado e país.
Há muito de errado, incompetência, omissão, mas alguns aspectos a violência tem origem numa complexa rede de poder que envolve governos internacionais, megatraficantes, empresas multinacionais, bancos privados e autoridades públicas poderosíssimas.
Vamos lá. Apertem os cintos.
Uma indústria trilionária
O números não muito exatos, mas há estudos, inclusive da ONU, que revelam cifras astronômicas quando o assunto é a indústria do narcotráfico. Alguns chegam a falar entre 750 bilhões a 1 trilhão de dólares, ou seja, valores equivalentes aos produzidos por setores empresarias de ponta juntos!
Não é apenas o traficante pé-rapado lá do bairro do Barreto quem ganha com essa indústria suja e violenta. Aliás, são os quem menos ganham, como veremos a seguir.
Drogras, armas e imperialismo
Em 2009, o governo dos Estados Unidos deram início uma operação denominada “Fast and Furious” (Velozes e Furiosos), sob comando do ATF (Departamento de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo dos EUA, na sigla em inglês).
O que era ser uma sofisticada operação para investigar o tráfico de armas dos Estados Unidos para organizações criminosas mexicanas, acabou se transformando em um enorme fracasso e um dos dos maiores escândalos da administração de Barack Obama.
A emissora americana Fox News chegou apresentar documentos confirmando que o governo dos EUA comprou armas no arsenal Lone Wolf, no estado do Arizona, com dinheiro público que foram entregues a traficantes mexicanos e acabaram nas mãos de integrantes do Cartel de Sinaloa, liderado por Joaquín “El Chapo” Guzmán.
Os Estados Un
idos costumam sempre dizer que o combate as drogas é uma questão de “segurança nacional”, mas o lobby das empresas de armas, segurança privada etc, precisam, paradoxalmente, do tráfico de narcóticos para sobreviverem.
O próprio governo americano já fez inúmeros acordos com narcotraficantes internacionais ao londo da história, em alguns momentos sob o pretexto de barrar o avanço da “ameaça comunista”.
Casos como o do “Irã-contras” são emblemático para mostrar como o império estadunidense opera as relações com traficantes internacionais quando lhe interessa.
O
“Irã-contras” foi como ficou conhecido, em 1986, um dos mais notórios escândalos do governo Ronald Regan, e revelou que a libertação de reféns americanos, aprisionados na cidade por terroristas iranianos, era feita à medida que chegavam ao Irã armas vendidas pelos americanos, numa operação montada pelo tenente-coronel Oliver North, assessor do Conselho de Segurança Nacional (CSN).
A CIA e a Casa Branca estavam mobilizados para fazer com que esta operação ilegal fosse bem sucedida para evitar a vitória da revolução sandinista na Nicarágua nos anos 80, daí que a ação criminosa com os iranianos.
O mesmo aconteceu durante a Guerra do Vietnã, quando os Estados Unidos fizeram acordos com grande traficantes asiáticos para derrotar os guerrilheiros vietcongs. A colaboração ianque com os traficantes anti-comunistas se deram em todo o chamado “Triângulo Dourado” (Laos, Vietnã e Tailândia) então os principais países produtores de heroína do mundo.
“O narcotráfico é de grande utilidade para os EUA, chegando a gerar lucros, pois com a venda dos componentes químicos das drogas, a economia americana recebe em torno de US$ 240 bilhões, uma parte dos quais é investida em diversos setores da economia ou vai para os bancos. Os bancos da Flórida são especializados em “lavar” o dinheiro dos narcotraficantes e neles circula mais dinheiro em efetivo do que nos bancos de todos os demais estados juntos”.
É essa relação lucrativa entre o Estado americano, setores empresarias fortíssimos e bancos, que Coggiola chama de “narcoeconomia”.
E é exatamente essa “narcoeconomia” que explica o porquê da impotência dos governos no combate às drogas e, por conseguinte, na diminuição da violência