Abraji manifesta preocupação com
assassinatos de comunicadores no MA
A Associação Brasileira
de Jornalismo Investigativo (Abraji) considera preocupante a sequência recente
de execuções de blogueiros no Maranhão. Desde a semana passada, a associação
apura as circunstâncias das mortes de dois comunicadores no interior do estado.
Em 13.nov.2015, Ítalo Diniz foi assassinado a tiros em Governador Nunes Freire,
a 460 km de São Luís. Oito dias depois, em 21.nov.2015, Orislândio Roberto
Araújo (conhecido como Roberto Lano) foi executado em Buriticupu, região
centro-oeste do Maranhão.
Ambos mantinham blogs em
que criticavam políticos locais, além de publicar e reproduzir reportagens
sobre a região. Nos dois casos, os executores estavam em motocicletas e fugiram
logo após atirarem contra os comunicadores.
Para colegas de Ítalo
Diniz, o crime foi represália a sua atuação no blog. Luciano Tavares, outro
comunicador da região de Governador Nunes Freire, disse ao Comitê
para Proteção de Jornalistas (CPJ) que Diniz “irritava apoiadores do
ex-prefeito da cidade [adversário do atual]” com suas críticas. Uma pessoa
próxima a Diniz disse à Abraji estar certa de que a morte dele teve razões
políticas. Além da página na web, Diniz também trabalhava como assessor de
imprensa do prefeito de Governador Nunes Freire, Marcel Curió (PV).
Cinco dias antes de ser
assassinado, Roberto Lano publicou em seu blog uma crítica ao atual prefeito de
Buriticupu, José Gomes (PMDB). Lano também era conhecido por sua atividade como
promotor de eventos na região e locutor, inclusive em campanhas políticas.
A polícia maranhense não
conseguiu determinar até o momento se as mortes têm relação com as atividades
de Diniz e Lano como comunicadores. Responsável pelo caso de Diniz, o delegado
Guilherme de Sousa Filho diz apenas que essa é uma das possibilidades que estão
sendo investigadas. Quanto ao assassinato de Lano, a Secretaria de Segurança
Pública do Maranhão diz em nota que “a polícia trabalha com várias linhas de
investigação”.
A Abraji insta as
autoridades maranhenses a apurar com precisão e celeridade a motivação de cada
um dos crimes. É preciso esclarecer se as execuções foram consequência do que
os blogueiros publicavam e punir os responsáveis. Só assim será possível evitar
novos crimes contra a liberdade de expressão