Jornalismo com seriedade

segunda-feira, 25 de abril de 2016

O Senado constatará que não há motivo para impeachment

O Senado constatará que não há motivo para impeachment

senado
Para a senadora Gleisi Hoffmann, o Senado tem a responsabilidade de refutar o golpe em forma de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Não há crime de responsabilidade, portanto não há motivo legal para o impedimento de Dilma. Leia e ouça a coluna de Gleisi a seguir. 
O Senado constatará que não há crime para impeachment
Gleisi Hoffmann*
o impeachment, afastamento de presidente da república  por crime de responsabilidade, é um instituto excepcional previsto em nossa constituição. Assemelha-se ao Estado de Defesa e ao Estado de Sítio.Por isso exige maioria absoluta dos Congressistas para sua implementação e fatos específicos graves e concretos para seu início.
No caso do impeachment, onde se usa subsidiariamente o processo penal, exige-se com rigor a determinação dos crimes praticados, todos previstos no artigo 85 da Constituição Federal e na Lei 1079/50. Para um crime se configurar é necessária conduta ilícita e dolosa. Ou seja, a Presidenta da República ter ela mesmo praticado um ato, no exercício de suas funções, que se configure ilícito, contra as leis e contra as normas vigentes, e que seja doloso, que ela tenha tido a intenção de causar o resultado ilícito. Nada disso está configurado no relatório de abertura do processo pela Câmara. Sequer os crimes abordados estão tipificados.
É importante deixar claro que não estão na peça acusatória recebida pela Câmara as chamadas “pedaladas fiscais”, constantes na apreciação das contas presidenciais de 2014 feita pelo Tribunal de Contas da União. Os fatos recebidos pela Câmara dos Deputados referem-se apenas a 2015 e são restritos a duas situações:
1. Atraso no pagamento ao Banco do Brasil, dentro do ano de 2015, nos subsídios aos juros praticados nos contratos do Plano Safra; e
2. Edição de seis decretos de créditos suplementares ao Orçamento da União, também em 2015, por excesso de arrecadação e saldo de exercícios anteriores.
Os acusadores tentam justificar que o atraso no pagamento dos subsídios ao Banco do Brasil configuraria uma operação de crédito camuflada, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Neste caso seria o mesmo que considerar o atraso no aluguel um empréstimo do dono do imóvel ao locatário, ou que o atraso na conta de luz, ou na
conta de água fosse uma operação de crédito. Isso é, nada mais, nada menos, que um inadimplemento contratual.
Além do mais, nesses contratos não há um só ato praticado pela Presidenta da República.  Não tem decreto, não tem autorização, não tem determinação. O Plano Safra é regido pela Lei 8.427/92, que estabelece competência pra regulamentação, gestão e execução ao Conselho Monetário Nacional, Ministério da Fazenda, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. Portanto, não há conduta, não há ilícito e nem dolo por parte da Presidenta da República. Por isso não há crime de responsabilidade. Por isso não há que se falar de impeachment.
Os Decretos apontados como irregulares foram assinados pela presidenta da República em julho e agosto de 2015. Apenas em outubro de 2015 o TCU, após quinze anos fazendo manifestações diferentes, aprova um acórdão considerando esse tipo de decreto irregular por ser incompatível com a meta fiscal expressa no Orçamento para o ano. Estariam aumentando a despesa e prejudicariam a economia de recursos prevista na meta.
Acontece que essa prática foi adotada em anos anteriores e nunca foi questionada, sequer ressalvada pelo TCU. Decretos de igual teor e em condições semelhantes, de crise na economia nacional, foram feitos pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso, em 2001, e Luís Inácio Lula da Silva, em 2009. Não se trata aqui de justificar que outros praticaram conduta ilícita, mas de esclarecer que NUNCA essa conduta foi considerada ilícita pelo Tribunal de Contas da União e, NUNCA, crédito suplementar comprometeu meta fiscal. O que compromete a meta fiscal é o desembolso financeiro, que é gerenciado pelos contingenciamentos orçamentários.
Some-se a isso que a assinatura da presidenta aos Decretos, como nos anos anteriores, deu-se embasada em inúmeras manifestações anteriores de órgãos do Governo, inclusive os responsáveis pela contabilidade e juridicidade dos mesmos. E todos os contingenciamentos orçamentários para cumprimento da meta fiscal foram mantidos até o mês de dezembro quando o Congresso Nacional reduziu a meta fiscal com a aprovação do PLN5. Novamente, embora neste caso tenha havido conduta da Presidenta da República, ela não foi ilícita e nem dolosa. Novamente não há que se falar em crime de responsabilidade, e como consequência, de impeachment.
Impeachment não é sinônimo de “voto de desconfiança”, utilizado nos sistemas parlamentaristas em que o Chefe de Governo é afastado por não ter base parlamentar. Nem tão pouco pode ser utilizado para retirada de governantes impopulares. Há que estar configurado o crime, de maneira clara e objetiva. O chamado ” conjunto da obra”, problemas econômicos, morais, sociais colocados à conta de um governo devem ser julgados por outro instituto constitucional: eleições diretas.
A banalização de um instrumento excepcional como o impeachment trará profunda insegurança democrática e jurídica. Que governo legitimamente eleito não poderá ser destituído, no futuro, se for acometido por crise de popularidade?! Que pretextos poderão ser utilizados, sem qualquer espécie de freio jurídico e democrático, para viabilizar um ataque oportunista e mortal a um mandato democraticamente eleito, como é o que presenciamos agora?! Um crime de responsabilidade exige um atentado à Constituição, uma situação grave que abale os alicerces do Estado. Se não há conduta ilícita dolosa por parte da Presidenta da República, não há crime.
Por isso, o processo de impeachment é um golpe! O Senado da República tem a responsabilidade histórica de resgatar  a Constituição Federal e o Estado Democrático de Direito vilipendiados pela Câmara dos Deputados em uma sessão que ficou marcada pela desqualificação política e legal.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Após pedir votos para impeachment,



Roseana tem enfrentado resistências por estar envolvida nas investigações da operação “Lava Jato”, no caso Constran e por ter um passado  marcado por escândalos como o da Lunus, por exemplo.

Roseana pleiteia um ministério, viando a uma série de coisas, entre elas imunidade e base de apoio para disputar as eleições de 2018 pelo Maranhão
A ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), já está cobrando a “fatura” pela busca de votos a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Ela está tentando emplacar-se em um Ministério de um provável governo Michel Temer (PMDB), porém tem enfrentado resistências por estar envolvida nas investigações da operação “Lava Jato”, no caso Constran e por ter um passado  marcado por escândalos como o da Lunus, por exemplo.
Temer teria dito a um grupo seleto com quem conversa, constantemente, sobre o futuro político do país que, em um eventual governo do PMDB, irá procurar evitar desgaste com indicações para ministérios que estejam envolvidos com a operação “Lava Jato” ou com outros escândalos.
Roseana pleiteia um ministério, viando a uma série de coisas, entre elas imunidade e base de apoio para disputar as eleições de 2018 pelo Maranhão. Com a resistência, ela, leia-se o grupo Sarney, deve partir para a indicação de outros nomes que estejam limpos nos cenários local e nacional.
A ex-governadora tem pretensões políticas de disputar o governo do Maranhão ou de partir para a briga por uma vaga no Senado. Tudo ainda vai depender das articulações e do espaço que pretende garantir num eventual governo peemedebista.
Um belo chute
Mas, ministérios e cargos à parte, o grupo Sarney usou e abusou dos benefícios que o PT lhe concedeu e deu um “belo chute” no atual governo e no ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva que tanto o  serviram. Como se diz no ditado popular, “comeram a carne e roeram até o osso para depois jogar fora”.
São coisas da política, mas que isso sirva de lição para a esquerda brasileira. Que passe a escolher melhor seus aliados para que as alianças de hoje não dê origem aos algozes de amanhã.


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Renan: ‘Não vai ter golpe no Senado’

Renan: ‘Não vai ter golpe no Senado’


lewandowski_renan‘Não vai ter golpe no Senado’. Eis o resumo da conversa tida ontem (18) entre o presidente da Câmara Alta, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Eles debateram o rito do impeachment na Casa. “No Senado, com certeza não vai ter voto em função do que a família quer ou não. O julgamento será de mérito, se há ou não crime de responsabilidade”, avisou Renan.
Renan diz no STF que Senado não terá voto em “função do que a família quer”
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem (18) que não haverá na Casa voto a favor ou contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff em função do que a “família quer ou não”.
Após audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, Renan também declarou que o Senado vai “observar todos os prazos” e garantirá o direito de defesa da presidenta.
Renan ironizou as justificativas dos deputados que votaram ontem (18) na sessão em que a Câmara dos Deputados decidiu a abrir procedimento de impedimento de Dilma. Muitos parlamentares afirmaram que seus votos eram em nome de suas famílias.
“A Constituição diz que cabe ao Senado processar e julgar. No Senado, com certeza não vai ter voto em função do que a família quer ou não. O julgamento será de mérito, se há ou não crime de responsabilidade. Vamos em todos os momentos do processo nos guiar pelo cumprimento do papel do Senado Federal”, afirmou.
Renan e Lewandowski se reuniram no início da noite no Supremo para definir que regras do rito do impeachment no Senado serão divulgadas e deverão ser confirmadas pelos demais ministros da Corte, após sessão administrativa do STF, que ainda não tem data marcada para ocorrer. Os gabinetes de ambos estão trabalhando em conjunto para definir o roteiro.
Segundo Renan, sua atuação no processo será com “isenção e a neutralidade”. “Como presidente do Senado, eu queria repetir que vamos observar todos os prazos, garantir direito de defesa e processo legal”, concluiu.

Dilma nas mãos de Lewandowski

Dilma nas mãos de Lewandowski

ricardo_lewandowskiO presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, poderá comandar o processo de impeachment de Dilma Rousseff já na primeira fase a partir da próxima segunda-feira, dia 25. É o que pretende Renan Calheiros, que quer declinar do direito de conduzir a cassação da presidente da República. Em síntese: o presidente do Senado rejeita o papel de coveiro da democracia.
Renan quer que Lewandowski assuma condução do impeachment após admissibilidade
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que vai convidar o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, a participar do rito do processo de impeachment de Dilma Rousseff antes do momento previsto na Constituição Federal, inclusive para conduzir as sessões de votação sobre o tema.
Pela lei, Lewandowski deveria assumir a sessão do Senado que vai votar, em plenário em última instância, sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff – prevista para ocorrer somente em setembro, se o processo tiver prosseguimento na comissão especial e no plenário do Senado. No entanto, Renan Calheiros anunciou hoje (19) que deseja que Lewandowski participe logo, após a fase de análise da admissibilidade, para evitar “questionamentos jurídicos”, conduzindo as sessões e tomando decisões.
“A partir da admissibilidade, se for o caso, vou transferir a presidência do Senado Federal ao presidente do Supremo Tribunal Federal”, disse Renan aos senadores. “Até a sessão que vai votar a admissibilidade ou a inadmissibilidade, as questões serão resolvidas pelo presidente do Senado. A partir disso, com a chegada do presidente do STF para presidir a sessão do impeachment, todas as questões de ordem, que são muitas, serão decididas pelo presidente do STF”, completou.
Renan lembrou que, durante a tramitação do processo na Câmara dos Deputados, vários partidos políticos e parlamentares acionaram a Justiça para questionar o rito e as decisões do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em relação ao impeachment. O convite a Lewandowski, de acordo com ele, visa a evitar que o mesmo ocorra no Senado.
“Estamos convidando a participação do presidente do Supremo Tribunal Federal, sob pena de reproduzirmos o que aconteceu na Câmara dos Deputados, que começaram a judicializar de tal forma que a tramitação desse processo na própria Câmara é a mais longa que se tem notícia na história do Brasil. Tivemos o processo alongado por decisões judiciais em função da judicialização do processo”, afirmou.
Renan informou ainda que o plenário do Senado fará três votações importantes em relação ao processo de impeachment. A primeira delas será a de admissibilidade (se aceita o processo), com parecer da comissão especial criada para analisar o processo, previsto para ser entregue em até dez dias úteis. Se a maioria simples dos senadores ou seja 41, votarem a favor da aceitação do processo, a presidenta Dilma será afastada do cargo por até 180 dias.
Em seguida, o processo retorna para a comissão especial, que deverá produzir um relatório de mérito. Esse parecer será votado após toda a instrução do processo, quando serão ouvidas testemunhas, defesa e acusação, além de observada a coleta de provas. É nesta fase que Renan quer que Lewandowski já assuma a condução dos trabalhos.
Por fim, o plenário do Senado fará o julgamento final do mérito do impeachment, condenando ou absolvendo a presidenta da República por crime de responsabilidade

terça-feira, 19 de abril de 2016

Cai a farsa do impeachment



Cai a farsa do impeachment


Aos poucos, vai caindo a farsa do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com a palavra o supersincero deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que entrega o objetivo do jogo (golpe):
“Sem o Cunha nós não teríamos tirado a Dilma…guerra a gente não escolhe parceiro. Cunha foi o parceiro dessa guerra. Sem o Cunha, Dilma faria o sucessor do PT em 2018. Aqui o jogo é bruto, pra não falar outra coisa… Você será respeitado por mim quando entender o que é esse jogo do poder”.
Ontem, menos de 24 horas depois da votação da farsa, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) também se pronunciou nesse sentido:
“Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado”, disse o parlamentar paranaense.
Ou seja, o objetivo era impedir Dilma de fazer o sucessor em 2018. Portanto, jamais se votou na Câmara o combate à “corrupção” ou “crime de responsabilidade” como divulgou a velha mídia golpista.
Para fechar com chave de ouro, não é demais lembrar da prisão do prefeito de Montes Claros, Ruy Adriano Borges Muniz, horas depois de ser elogiado pela mulher, deputada Raquel Muniz (PSB-MG), na votação do golpe.
“O meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso a todos nós com sua gestão”, discursou a parlamentar.